Nova (ou velha) teoria: sismo na Turquia e Síria foi criado no Alasca

3

Martin Divisek/EPA

Sismo em Hatay, Turquia

Surgiu uma narrativa de que o maior desastre natural na Europa das últimas décadas foi criado num programa científico.

O sismo que abalou a Turquia e a Síria há duas semanas já provocou cerca de 45 mil mortos, de acordo com a contabilidade oficial mais recente.

São mais de 40 mil mortos na Turquia, mais 4 mil na Síria – mas teme-se que o número ainda aumente muito mais, ao longo dos próximos tempos.

Mais de 100 mil edifícios desabaram, ou foram severamente danificados e serão demolidos.

O sismo, considerado o maior desastre natural na Europa ao longo de quase um século, teve uma magnitude invulgar 7.8 na escala de Richter.

E terá sido criado no Alasca, por um programa científico – essa é a versão de uma teoria que começou a circular pelo Twitter, nos últimos dias.

O portal Coda Story relata que esta “narrativa de desinformação” aponta como responsável o Programa de Investigação de Aurora Activa de Alta Frequência (HAARP, em inglês) pelo sismo.

O HAARP existe há 30 anos. É um projecto que investiga a ionosfera – a fronteira entre a atmosfera da Terra e o vácuo do espaço. Procura entender, simular e controlar os processos ionosféricos que poderiam mudar o funcionamento das comunicações e os sistemas de vigilância.

Mas certos teóricos acreditam que o HAARP faz mais do que isso: provoca desastres naturais, é responsável pelas alterações climáticas (ainda no ano passado circularam publicações sobre isso) e ainda consegue controlar a mente.

Neste caso, o sistema copiar-colar já originou pelo menos 300 mil publicações no Twitter, que avisam: diversos países da NATO sabiam que este sismo iria acontecer e até ordenaram a evacuação das suas embaixadas, antes do desastre.

A escala deste sismo foi inédita na Europa nas últimas gerações e, por isso, a escala da desinformação foi muito maior.

Em geral, as pessoas que defendem esta teoria são de direita ou extrema-direita, anti-semitas, anti-vacinas, anti-NATO e próximas das políticas de Vladimir Putin, presidente da Rússia.

E acrescentam: o sismo terá sido uma forma de a NATO castigar Recep Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia, por continuar a ter conversas com Putin.

Mas, sustenta o portal, isto não é uma operação comandada pelo Kremlin.

E não é só pelas redes sociais que surgem teorias contra este programa. Noutros tempos, o presidente do Irão chegou a avisar a ONU que foi o HAARP que criou as inundações no Paquistão; Hugo Chávez, que era presidente da Venezuela, apontou na mesma direcção quando houve sismos violentos no Chile e no Haiti.

Até já houve quem tentasse entrar nas instalações do HAARP, com milhares de munições, para fazer explodir o local.

ZAP //

3 Comments

  1. Caro editor,
    Pessoalmente, considero este tipo de teorias material para livros de ficção, mas por vezes apanhamos a ‘realidade a imitar a ficção’, como no caso da presidência da ucrânia.
    Mas o que achai mais curioso nesta notícia foi o parágrafo que caracteriza a tipologia de seguidores de tais teorias:

    “Em geral, as pessoas que defendem esta teoria são de direita ou extrema-direita, anti-semitas, anti-vacinas, anti-NATO e próximas das políticas de Vladimir Putin, presidente da Rússia.”

    Pode. p.f., esclarecer-nos quanto à origem desta afirmação?
    Que meios foram usados na selecção de tal afirmação para garantir que existe (um mínimo) de fiabilidade que lhe dê mérito para ser inserida no contexto da ‘notícia’?

    • Caro leitor,
      No portal Coda Story, que foi a base para este artigo, pode ler:
      “Those tweeting about HAARP and linking it to the earthquake were often anti-vaccine activists, right-wing, QAnon and MAGA-linked U.S. accounts, and anti-semitic conspiracy theorists. From examining the online conversation, Jones noticed that many of the narratives took on a Russia-aligned, anti-NATO slant”

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.