Síndrome da Cabeça Explosiva: quando adormecer é um filme de terror

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Imagine-se prestes a adormecer e, de repente, BOOOM! Com estrondos e explosões  — e com René Descartes como um dos primeiros diagnosticados — a Síndrome da Cabeça Explosiva incomoda o sono há séculos.

No limiar entre a vigília e o sono, há pessoas que sofrem com um fascinante — e alarmante — fenómeno conhecido como Síndrome da Cabeça Explosiva (SCE).

O distúrbio de sono, apesar de inofensivo, é extremamente chato: caracteriza-se pela perceção auditiva de ruídos estrondosos ou explosões, mesmo quando estamos quase a adormecer.

A intensidade destes sons é tal que desperta de imediato quem sofre da síndrome.

“Foi um som muito forte dentro da minha cabeça, do alto do meu crânio”, diz Dave Lovos, um músico e fabricante de guitarras, ao National Geographic. O seu “susto” chegou acompanhado de uma breve visão de um desastre de carro, no preciso momento de transição para o sono.

Este episódio não é isolado, e reflete a complexidade da SCE como uma parassónia, categorização que abrange também fenómenos como sonambulismo, paralisia do sono, e espasmos nas pernas conhecidos como “espasmos mioclónicos”.

A SCE ocorre num estado efémero da transição da vigília para o sono, conhecido como “estado hipnagógico”, e é pensada como uma espécie de curto-circuito neuronal. Os ruídos reportados são variados: desde choques e tiros a portas a bater, os sons refletem um espectro amplo de experiências auditivas intensas.

Descoberta e inicialmente designada em 1876 por Silas Weir Mitchell e posteriormente renomeada por J.M.S. Pearce na década de 1980, a SCE tem sido objeto de interesse científico, embora os estudos sejam, até hoje, escassos.  Pesquisas indicam que tanto homens como mulheres são igualmente afetados.

Curiosamente, um artigo publicado em 2018 sugere que o filósofo René Descartes pode ter experienciado a SCE no século XVII, uma experiência que ele mesmo considerou determinante no seu percurso filosófico.

“O meu gabinete estaria muito mais desarrumado se houvesse mesmo cabeças a explodir”, diz Brian Sharpless, psicólogo clínico certificado especializado em sono. “Desde que não tenha dor durante [um episódio], não tem nada com que se preocupar,” sublinha.

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