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As sementes do dente-de-leão são ótimos objetos voadores (e a Ciência descobriu porquê)

Uma equipa de cientistas estudou a ligação entre o número de cerdas em sementes de dente-de-leão e a capacidade dessas sementes viajarem longas distâncias de maneira estável.

As sementes de dente-de-leão conseguem viajar vários quilómetros antes de pousar e essa habilidade torna-as particularmente eficientes. No ano passado, cientistas da Universidade de Edimburgo propuseram-se a analisar mais de perto estas sementes.

A equipa descobriu que, à medida que as sementes flutuam no ar, um anel estável e separado de fluido circulante – chamado anel vórtice – forma-se sobre o pappus das sementes (a coleção em forma de disco de cerdas brancas que funciona como uma espécie de para-quedas), mantendo as sementes lá no alto.

Recentemente, cientistas da École polytechnique fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, em parceria com cientistas da Universidade de Pisa, na Itália, e da Universidade de Twente, na Holanda, levaram esta investigação ainda mais longe.

De acordo com o Tech Explorist, os cientistas criaram um modelo matemático capaz de simular a dinâmica de fluxo ao redor do pappus à medida que o dente-de-leão se move pelo ar, imitando o anel de vórtice. Através da análise de como as sementes resistem a pequenas turbulências, a equipa conseguiu descobrir que o número de cerdas assume um papel significativo.

O principal autor do artigo científico, Giuseppe Ledda, afirmou que as cerdas têm um papel crucial na estabilidade do voo. “O nosso modelo calculou que o número máximo de cerdas para um voo estável ronda em torno de 100 e, surpreendentemente, é o número de cerdas que as sementes de dente-de-leão contém naturalmente.

Para que um objeto consiga voar a longas distâncias são precisos dois fatores: a trajetória precisa de ser a mais estável possível e o seu arrasto (a força que o ar exerce sobre o objeto na direção oposta do movimento) tem que ser significativa.

Ledda explicou que ter cerca de 100 cerdas otimiza ambos os fatores: se fossem mais, o anel de vórtice seria demasiado grande e criaria arrasto, mas geraria simultaneamente um voo muito instável; se fossem menos, o anel de vórtice seria muito pequeno, o que criaria boa estabilidade, mas não o suficiente.

Este processo de modelagem dos mecanismos que ocorrem na natureza forma a base de um campo conhecido como biomimética. Simone Camarri, outra investigadora que participou no estudo, afirmou que esta investigação poderia ir mais além, nomeadamente analisar de que forma a porosidade de um objeto afeta a sua propulsão e a sua estabilidade.

Estas descobertas podem ter aplicações úteis em objetos projetados para funcionar como um pára-quedas. Os resultados foram publicados no início do mês de julho na Physical Review Letters.

ZAP //

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