Numa altura em que o vírus da covid-19 se tem espalhado por todo o mundo, as comparações com outras doenças pandémicas são inevitáveis. Um exemplo disso foi a peste negra que em 1348 fez com que a população mundial ficasse reduzida. As semelhanças entre as duas doenças são evidentes.
No século XIV, quando a doença chegou à Europa pouco se sabia sobre as suas repercussões, apenas que o seu grau de letalidade era muito elevado.
Tal como hoje, os médicos também se sentiam desamparados, e foram registados milhares de mortos. Estima-se que a população teve uma diminuição de 475 milhões para cerca de 370 milhões. Na altura vivia-se a época medieval, onde as condições sanitárias eram degradantes mesmo sem a existência de uma pandemia, por isso a doença só veio agravar este contexto. A cidade de Florença foi das mais afetadas da Europa.
Sete séculos depois, comparando as duas pandemias, e apesar de nos tempos atuais haver muito mais conhecimentos, o que mais de destaca são as parecenças. Parece que em situações de crise, o ser humano tem sempre tendência a agir da mesma forma.
Covid-19 e Peste Negra. Quais as semelhanças?
Há mais de 600 anos, as pessoas não tinham conhecimentos científicos suficientes para entender como se processa a transmissão do vírus numa sociedade. Contrariamente, em pleno século XXI, os especialistas estão preparados para combater este tipo de doenças, pois têm sabedoria suficiente para dar orientações relevantes às populações.
Ainda assim, em ambos os casos, o primeiro instinto foi fechar as fronteiras para tentar manter a doença sob controle. “Muita coisa mudou desde de 1340, mas não a natureza humana”, escreveu o autor John Kelly no seu livro sobre a peste negra.
Durante a pandemia da peste negra também houve isolamento social, e foram muitas as pessoas que se mantiveram fechadas em suas casas. No entanto, e tendo em conta o testemunho de Giovanni Boccacio – poeta e escritor do século XIV – também foram muitas as pessoas que tiveram uma atitude “arrogante” e continuaram a fazer as suas vidas como se nada se passasse.
Segundo relatos da época, foram muitos os doentes com peste negra que enfrentaram os seus últimos momentos de vida isolados do mundo. Durante este período, os infetados apresentavam um risco mortal para quem contactasse diretamente com eles, por isso eram muitas vezes abandonados pela família, e a sua morte só era notada quando os vizinhos sentiam o cheiro dos cadáveres em decomposição.
Na altura medieval a Europa também foi o centro da pandemia. A doença assolou o continente europeu repetidamente ao longo dos séculos – devastando Londres na década de 1660 e Marselha em 1720. Contudo, o final de 1340 e início de 1350 foi considerado o pior momento, sendo que foi quando surgiu a primeira onda.
Em declarações ao The Washington Post, Donatella Lippi, professora de história da medicina na Universidade de Florença, revela que na época a população europeia também entrou em pânico, pois não estava clara a forma como a doença se tinha disseminado, apenas que não podiam ter contacto com infetados porque podiam acabar por morrer.
Numa época em que as pessoas tentavam evitar a doença com estratégias de tentativa e erro, apenas uma coisa parecia funcionar: se a praga chegasse à cidade onde habitavam, largavam tudo e iam refugiar-se para o campo.
Durante a pandemia do coronavírus, também houve relatos de pessoas que apanhavam voos próprios para lugares considerados mais seguros.
Por mais avanços científicos que o mundo vá adquirindo com o passar dos tempos, o que parece nunca mudar é a forma como o ser humano encara os grandes problemas.
Prtender que a Covid-19 é comparável à peste negra é uma idiotice, só serve para gerar pãnico. Mas pretender que a Covid-19 é inofensiva é uma idiotice ainda maior, só serve para aumentar o número de mortos.
Em Espana o número de mortos aproxima de 1 por 1000, mas não é de 1 por 1000 infectados, é de 1 por 1000 habitantes (neste momento é de 0.71 por 1000 habitantes).
No Perú, já é acima de 1 morto por cada 1000 habitantes.
Na Bélgica o número de mortos é de 0.9 por cada 1000 habitantes.
No estado de Nova Iorque, o número de morto é que 1.7 por 1000 habitantes, i.e. quase 1 morto por cada 500 habitantes.