Semana de quatro dias apresentada por Costa já é possível, mas patrões rejeitam

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Mário Cruz / Lusa

No seu programa eleitoral, o PS apela ao debate sobre a semana de trabalho de quatro dias. Contudo, as entidades patronais parecem rejeitá-lo — por agora.

Trabalhar de segunda a sexta-feira e descansar ao fim de semana é o modelo mais habitual, mas a chamada semana de quatro dias tem ganhado popularidade.

Islândia, Escócia, Bélgica, Irlanda, Espanha e Japão são alguns dos países a testar uma semana de trabalho mais curta. Mas em Portugal começa também a estudar-se essa possibilidade.

“Discutir novas formas de equilíbrio dos tempos de trabalho, incluindo a ponderação de aplicabilidade em diferentes setores das semanas de quatro dias” é uma das 12 promessas que constam do programa eleitoral socialista.

Esta medida não implica necessariamente a redução do número de horas por semana, explica António Costa. Em causa parece estar um regime de concentração de horários, escreve o Jornal de Negócios.

“O que está formulado no programa do Governo é a necessidade de abrir um debate e uma reflexão sobre uma questão que hoje é muito premente porque a pandemia mudou muito a vida das pessoas”, disse o primeiro-ministro no debate desta segunda-feira.

“Eu não estou a falar de tempo de trabalho. Porque aquilo que está em cima da mesa, e que queremos discutir com os parceiros sociais, tem a ver com a organização do trabalho. Não estamos a falar em trinta horas. Nós podemos trabalhar quatro dias por semana, mais horas em cada dia”, acrescentou.

A possibilidade de concentrar horários em quatro dias por semana já está prevista no Código do Trabalho desde 2009, escreve o Negócios.

Embora não rejeitem que se debata o assunto, as entidades patronais garantem que não é uma prioridade. Além disso, os baixos níveis de produtividade do país impedem a implementação deste modelo, como explica João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), ao ECO.

A redução do período semanal de trabalho, entende João Vieira Lopes, teria “consequências desastrosas na maioria dos setores”, uma vez que as empresas teriam de contratar mais trabalhadores para o mesmo nível de produção.

No entanto, nos setores de “alta tecnologia” e “nalgumas tipologias de empresas”, será possível adotar este modelo, mas “com base na negociação individual entre as empresas e os trabalhadores ou nos acordos coletivos de trabalho”.

Ainda assim, o líder da CCP entende que, “a médio e longo prazo”, se possa “caminhar para um cenário de semana de trabalho de quatro dias”.

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) concorda que esta não é a melhor altura para o debate sobre a semana de trabalho de quatro dias.

“Qual o sentido de discutir esta mudança estrutural numa altura em que há milhares de empresas em dificuldades, milhares de empresas a tentar a sobreviver aos efeitos da pandemia, entre eles o aumento do custo das matérias-primas e da energia, a que se junta a necessidade de perceber e absorver as mudanças de hábitos dos consumidores?”, questiona António Saraiva, da CIP.

Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), reforça que este é um tema que “requer uma reflexão cuidada”.

Daniel Costa, ZAP //

5 Comments

  1. Ah, os patrões, esses grandes malvados! Aqueles que muitos já foram empregados e se lançaram à vida correndo os riscos todos e com o apoio do IVA e IRC do governo PS. O Costa que dê trabalho a todos, a ganhar o que ele ganha, com os tais 4 dias que eles já trabalham no governo, e depois já ficamos a saber quem é que paga impostos e sustenta o país. Gastar o dinheiro dos outros é muito fácil. Difícil é conseguir um modelo económico em que realmente haja condições para pagar tantos impostos e subir os ordenados para valores dignos. Agora manobras populistas, subir ordenados para tapar meio buraco da perda do poder de compra, também eu. Com o dinheiro dos outros….

  2. e o que é que as pessoas iam fazer no resto dos dias que não trabalham? iam para o jardim como os reformados? há quem goste de ter os dias ocupados…

  3. Completamente de acordo, e quando perceberem que de um modo geral 46% da fatura desaparece em taxas e taxinhas, desistem! Acabam dizendo, que só um louco é que se monta por conta própria! Mas todos têm de perceber que são estes “loucos” que sustentam o país!

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