Uma equipa de investigadores suecos criou o o primeiro transistor elétrico de madeira do mundo, alcançando um avanço significativo na indústria em termos de eficiência e sustentabilidade.
Investigadores da Universidade de Linköping e do Instituto Real de Tecnologia KTH, na Suécia, desenvolveram o primeiro transistor elétrico de madeira do mundo, anunciaram as duas instituições numa nota de imprensa.
“Concebemos um princípio sem precedentes. Sim, o transistor de madeira é lento e volumoso, mas funciona e tem um enorme potencial de desenvolvimento”, disse Isak Engquist, professor associado sénior do Laboratório de Eletrónica Orgânica da Universidade de Linköping.
Esta não é a primeira vez que cientistas tentam produzir transístores de madeira, mas as iniciativas anteriores resultaram sempre em dispositivos que só conseguiam regular o transporte de iões. Além disso, realça o Interesting Engineering, quando os iões se esgotavam, o transistor deixava de funcionar.
O novo transistor, no entanto, funciona continuamente e regula o fluxo de eletricidade sem se deteriorar — em parte devido ao material na criação do dispositivo: madeira de balsa.
“Das mais de 60.000 espécies de madeira que 300 milhões de anos de evolução nos trouxeram, escolhemos a balsa devido às suas características únicas”, explicam os investigadores. A tecnologia envolvida requer que se use madeira sem grãos e com uma estrutura uniforme.
Os investigadores fizeram várias alterações na madeira: removeram a lenhina, deixando apenas longas fibras de celulose com canais onde esta se encontrava, e preencheram os canais com um plástico condutor, ou polímero, chamado PEDOT:PSS, obtendo assim um material de madeira eletricamente condutor.
O transistor de madeira é assim capaz de regular a corrente elétrica e fornecer um funcionamento contínuo num nível de saída selecionado.
Melhor ainda, consegue mesmo ligar e desligar a energia com um atraso quase nulo: desligá-lo demora cerca de um segundo, enquanto ligá-lo demora cerca de cinco segundos.
O novo dispositivo orgânico abre perspetivas promissoras para aplicações especializadas, incluindo a criação de computadores biodegradáveis e implantes para uso em material vegetal vivo.
“Não criámos o transistor de madeira com uma aplicação específica em mente. Fizémo-lo porque podíamos. Esta investigação mostra que é possível, e esperamos que inspire mais estudos, que conduzam no futuro a novas aplicações no futuro”, concluiu Isak Engquist.