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“Sem precedentes”. Vídeos mostram tortura desenfreada nas prisões russas

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Uma Organização Não-Governamental (ONG) que acompanha os abusos no sistema prisional russo terá recebido “milhares” de vídeos com fugas de informação, que mostram reclusos a serem espancados e torturados por guardas em várias prisões russas.

“Esta é uma fuga sem precedentes que provocará ondas choque por todo o país. No total, temos mais de 40 gigabytes de ficheiros que mostram tortura generalizada“, disse Vladimir Osechkin, o fundador do grupo de direitos Gulagu.net, ao The Moscow Times.

Três dos vídeos — que mostram reclusos a serem torturados num hospital prisional na cidade de Saratov, no Volga — foram publicados esta terça-feira e Vladimir Putin já disse ter conhecimento das filmagens.

“Se isto for confirmado, levará a uma investigação muito séria”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na terça-feira, explicando que o Serviço Prisional Federal (FSIN) já está a investigar.

Esta quarta-feira, o Gulagu.net publicou novas filmagens que mostram prisioneiros a serem espancados e torturados, não só no hospital prisional em Saratov, mas também em prisões nas regiões de Belgorod e Kamchatka.

Outro vídeo, ao qual o Moscow Times teve acesso, mostra várias pessoas a usarem um grande objeto para violar um homem nu que está amarrado a uma cama.

Entretanto, o chefe do serviço prisional de Saratov foi despedido, juntamente com três funcionários regionais e o médico chefe da prisão, anunciou o FSIN.

Segundo Osechnkin, a organização começou a receber as filmagens em março, através de um ex-presidiário de Saratov.

O ex-recluso será um especialista bielorrusso em informática e terá conseguido aceder a imagens armazenadas nos computadores da prisão, filmadas em estabelecimentos prisionais nas regiões de Irkutsk, Vladimir e Saratov entre 2018 e 2020.

O denunciante deixou a Rússia no início desta semana, recusando-se a revelar a sua localização para garantir a sua segurança.

“Estamos a planear publicar partes dos vídeos passo a passo nas próximas semanas, agora que a fonte está fora do alcance das autoridades russas“, disse Osechkin.

Os vídeos foram enviados ao Comité Europeu para a Prevenção da Tortura e Tratamento ou Punição Desumana ou Degradante (CPT).

Osechkin fundou a organização de direitos humanos Gulagu.net em 2011 para monitorizar as violações dos direitos dos reclusos na Rússia — em 2015, deixou o país e reside atualmente em França.

ZAP //

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