Sem equipa feminina, o Mundial 2022 nunca teria sido entregue ao Qatar. Helena Costa conta pormenores.
Não é só nos Jogos Olímpicos: para um país ser escolhido para receber um Mundial de futebol, são precisos vários requisitos.
A FIFA obriga, por exemplo, a que todos os estádios tenham espaço para, no mínimo, 40 mil pessoas. A final terá de ser num palco com, pelo menos, 80 mil espectadores.
As infraestruturas, o trânsito, as comunicações, as redes eléctricas… Tudo é analisado.
Mas há outra alínea que, provavelmente, muita gente desconhece: é obrigatório o país anfitrião ter uma selecção feminina de futebol. E uma selecção “oficial”, que esteja na tabela FIFA.
A criadora da primeira selecção feminina no Qatar foi Helena Costa, que foi também a primeira seleccionadora nacional, há mais de 10 anos.
Na altura, foi chamada por um treinador brasileiro: “Eles tinham a obrigatoriedade de ter uma seleção feminina no ‘ranking’ da FIFA, porque é um requisito para qualquer país organizador. Fui contactada pelo Milton Mendes”.
No entanto, se hoje espreitar o portal oficial da Federação de Futebol do Qatar, na secção de selecções não aparece qualquer referência a mulheres.
Na rádio Renascença, a portuguesa recordou que o projecto do Qatar foi apoiado pelo Governo e pelo Comité Olímpico.
A chefe dos olheiros do Eintracht Frankfurt lembrou que a maior dificuldade pela qual passou foi a cultura local. Com problemas no seio de famílias pelo meio.
“Não é por não gostarem de futebol, não é isso, elas são apaixonadas. A dificuldade é que, ao mesmo tempo que tinha de aparecer nos media, com disponibilidade do Governo e do Comité Olímpico, mas por outro lado as famílias não permitiam que o nome das famílias estivesse envolvido num processo tão inovador e tão polémico, porque na altura era polémico”, relatou.
Helena Costa retrata um Qatar com um “clima ameno, muita segurança… Deixamos o carro aberto, ligado, vamos ao supermercado e não se passa nada”.