Tribunal francês condena seis pessoas por assediarem uma adolescente online, que partilhava vídeos anti-islâmicos. O caso causou polémica e acendeu o debate sobre a liberdade de expressão e o direito de insultar religiões.
A rapariga, conhecida como Mila, foi forçada a mudar de escola e a aceitar proteção policial, devido a ameaças, depois de os vídeos em que insultava o Islão terem ficado virais em janeiro de 2020 e novembro do mesmo ano.
O tribunal proferiu sentenças que vão desde uma pena de prisão suspensa de três meses até quatro meses com uma pulseira eletrónica aos dois homens e às quatro mulheres, entre os 19 e os 39 anos. Foram também condenados a pagar uma indemnização de 3.000 euros (cada um) a Mila.
“A condenação era necessária”, afirmou o advogado de Mila, Richard Malka, mas acrescentou que não sentia qualquer satisfação em vê-los condenados.
“A minha única satisfação seria se Mila fosse capaz de levar uma vida normal, e não é esse o caso”, acrescentou o advogado, segundo o The Guardian.
No primeiro vídeo, publicado no Instagram em janeiro de 2020, Mila respondeu a um comentário abusivo de um rapaz que, segundo a adolescente, a insultou sobre a sua sexualidade “em nome de Alá“.
Prosseguiu com um discurso insultuoso contra o Islão, juntamente com outros comentários explícitos sobre Alá, considerados altamente ofensivos para os muçulmanos praticantes.
Depois, publicou um segundo vídeo com conteúdo semelhante em novembro do mesmo ano, após o assassinato de Samuel Paty, um professor francês que tinha mostrado aos alunos desenhos animados controversos do Profeta Maomé.
Malka alega que a adolescente recebeu mais de 100.000 mensagens bastante agressivas em resposta aos vídeos, com uma pessoa a escrever que Mila merecia “ter a garganta cortada“, enquanto outras a ameaçavam de agressão sexual.
Em julho de 2021, um tribunal francês condenou 11 pessoas por assédio e proferiu penas suspensas, com algumas condenadas ao pagamento de 1.500 euros de indemnização.
O caso foi também alvo de grande atenção pública, por tocar em questões controversas em França, desde o assédio cibernético e direito de insultar, até determinadas atitudes ofensivas em relação às minorias religiosas.