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Seis anos de prisão em cadeia “especial” para inspetores do SEF que mataram Ihor Homeniuk

(dr)

Cumpridos três anos em domiciliária da pena de nove anos de prisão, resta aos agentes do SEF condenados pelo assassinato do ucraniano cumprir outros seis numa cadeia reservada a agentes da autoridade e políticos.

Luís Silva e Bruno Sousa, dois de três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) condenados pela morte do ucraniano Ihor Homeniuk, entregaram-se esta segunda-feira na cadeia de Évora para cumprir o resto da pena de prisão a que foram condenados em maio de 2021, avança o Correio da Manhã.

O terceiro inspetor, Duarte Laja, pediu para se entregar mais tarde por razões de saúde, revelou o seu advogado Ricardo Serrano Vieira.

Recorde-se que, em maio, Luís Silva e Duarte Laja foram condenados a nove anos de prisão pelo homicídio de Ihor Homeniuk. Já Bruno Sousa teria de cumprir uma pena de sete anos de prisão. Recorreram para o Tribunal da Relação de Lisboa, que decidiu condenar todos à mesma pena de nove anos de prisão.

Os três foram considerados culpados do crime de ofensa à integridade física grave qualificada, que foi agravada por ter resultado na morte do ucraniano. Provou-se que os inspetores do SEF agrediram Ihor e o abandonaram algemado sem lhe dar assistência, mas não se provou que tivessem intenção de matar.

Caiu assim por terra a acusação de homicídio qualificado e a acusação de posse de arma ilegal feita a Duarte Laja e Luís Silva, neste caso um bastão extensível, não ficou provada.

Após três anos de prisão domiciliária, restam seis anos de prisão aos inspetores. Os ex-inspetores do SEF vão cumprir pena numa cadeia reservada a agentes da autoridade e políticos.

O assassinato de Igor

Igor Homeniuk foi morto em março de 2020 enquanto estava à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Isolado dos restantes passageiros estrangeiros, permaneceu na sala do Estabelecimento Equiparado a Centro de Instalação, no Aeroporto de Lisboa, até ao dia seguinte, tendo sido “atado nas pernas e braços”, mas acabou por ficar “apenas imobilizado nos tornozelos”.

Os inspetores dirigiram-se à sala onde estava o cidadão, tendo-lhe algemado as mãos atrás das costas, amarrado os cotovelos com ligaduras e desferido um número indeterminado de socos e pontapés no corpo.

Horas depois, e depois de a vítima não reagir, acabou por ser acionado o INEM e uma viatura médica de emergência, tendo o médico de serviço da tripulação verificado o óbito do cidadão ucraniano.

As agressões cometidas pelos inspetores do SEF, que agiram em comunhão de esforços e intentos, provocaram a Ihor Homeniuk “diversas lesões traumáticas que foram causa direta” da sua morte.

Num relatório médico, a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) censurou a conduta dos seguranças. Os seguranças Manuel Correia e Paulo Marcelo terão admitido em julgamento que prenderam Ihor Homeniuk com fita-cola na noite de 11 para 12 de Março.

O cidadão ucraniano esteve pelo menos 15 horas amarrado com fita e foi depois preso com algemas cirúrgicas e metálicas até quase à hora da sua morte, por volta das 18h40.

ZAP //

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