António José Seguro acusa líderes europeus de “matar lentamente” a Europa

António José Seguro / Flickr

António José Seguro

O antigo líder socialista António José Seguro defendeu no domingo que a ambiguidade dos líderes políticos e a morosidade dos processos de decisão nas instituições da União Europeia (UE) estão “a matar, lentamente, a Europa”.

O docente universitário de Ciência Política e Relações Internacionais protagonizou uma mini-conferência, em Cascais, em pleno Dia da Europa e um dia após o seu sucessor no PS e atual primeiro-ministro, António Costa, celebrar como um êxito a Cimeira Social do Porto, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da UE, noticiou a agência Lusa.

“É inaceitável que a Europa, já sem a desculpa da presença do Reino Unido, ao fim de 15 meses, ainda não tenha concluído o processo de aprovação do seu plano de recuperação económica, perante o sofrimento das pessoas e as dificuldades das empresas”, criticou.

Seguro condenou o facto de terem sido precisos “cinco meses para aprovar o plano, mais 10 sem que esteja ratificado por todos os membros” e, “pelo meio, [ter havido] o susto da decisão do Tribunal Constitucional alemão, que poderia paralisar a aprovação”.

A denominada “bazuca” ou “vitamina” financeira de Bruxelas para apoiar a economia devido à crise provocada pela pandemia de covid-19 contempla um total de 1,8 biliões de euros, e cada um dos 27 Estados-membros tem o seu próprio Plano de Recuperação e Resiliência específico.

“Foi também assim, esta semana, em resposta ao desemprego e pobreza, com 11 Estados-membros, nas vésperas da Cimeira Social do Porto, a lembrarem que as políticas sociais e de emprego são competência nacional. Os dirigentes europeus não querem responder a estas perguntas porque receiam consequências”, lamentou.

Para Seguro, os líderes da UE “seguem a lógica de que é preferível ignorar o problema do que criar ainda mais problemas”. “Mas estão enganados. Os maiores problemas da Europa são fruto da sua ambiguidade e falta de coragem política. Enquanto não respondermos com clarezas e sem receios das consequências, não estamos a salvar a Europa. Estamos a matar, lentamente, a Europa, caminhando para a irrelevância política mundial”, concluiu.

A intervenção de Seguro serviu para inaugurar a sede da Associação Nossa Europa, presidida pelo histórico ex-eurodeputado do PSD Carlos Coelho, em Cascais, e com a presença do autarca local, o também social-democrata Carlos Carreiras, no Dia da Europa.

// Lusa

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