Santo Graal da física: se as cordas cósmicas existirem, vamos poder viajar no tempo

ZAP // Dall-E-2

Não existem provas visuais das cordas cósmicas (na imagem, conceito artístico da sua aparência)

Os físicos podem estar mais perto do que nunca de desvendar os segredos da viagem no tempo. As misteriosas cordas cósmicas podem revolucionar a forma como encaramos a astrofísica, e até mesmo permitir viagens no tempo.

“O Santo Graal da física: uma teoria de tudo. E, num futuro distante, podem até permitir-nos viajar no tempo”. É assim que a Science Focus (SF) se refere às cordas cósmicas, um dos grandes mistérios do Universo.

Embora ainda não passe um conceito teórico, estas estruturas altamente finas, se existirem, podem conter a chave para alguns dos maiores mistérios do Universo, incluindo a possibilidade de viajar no tempo.

Pensa-se que as cordas cósmicas são inimaginavelmente finas, mas extraordinariamente maciças. Uma única corda pode ter a massa de milhares de estrelas, apesar de ser tão fina que seria invisível a olho nu.

Poderiam estender-se infinitamente através do Universo ou dar voltas sobre si próprias. Com o passar do tempo, estas cordas emitiriam ondas gravitacionais à medida que perdessem energia.

Ken Olum, investigador da Universidade de Tufts, descreve-as como tubos astronomicamente longos. “O mais provável é que existam sob a forma de laços ou de longas cordas que se prolongam para sempre“, afirma.

E embora sejam muito finas, podem conter muita massa: “Um laço típico, que pode ter cerca de 10-20 anos-luz de comprimento, pode conter o equivalente à massa de dezenas de milhares de estrelas”, diz Olum. Mas acredita-se que estas encolherão com o tempo, à medida que os tubos se agitam, irradiando ondas gravitacionais.

Segundo os investigadores, as cordas cósmicas são áreas de densidade energética muito elevada deixadas para trás durante uma transição cósmica de energia superior para energia inferior.

Se algum dia encontrássemos uma corda cósmica, o que é improvável, isso poderia não ser muito agradável, alerta a SF. Uma corda cósmica que viajasse perto da velocidade da luz e atingisse a Terra de frente cortaria o planeta ao meio, como um arame corta uma bola de barro.

Mas uma das metades chocaria imediatamente com a outra, explica David Chernoff, professor de astronomia na Universidade de Cornell. Na prática, poderíamos sentir um sismo com a maior magnitude de sempre, ultrapassando os 12,5 na escala de Richter.

Há quem afirme mesmo já ter visto cordas cósmicas. Em 2003, uma equipa de astrónomos relatou a potencial descoberta de uma, mas mais tarde foi provado que as duas galáxias que tinham visto não eram idênticas. No ano passado, foi feita outra afirmação semelhante. Ainda assim, Olum alerta que a investigação recente sugere que este método de deteção de cordas cósmicas não é o correto.

Chernoff inventou um novo método (mais promissor, segundo SF) para as detetar, chamado micro-lente gravitacional. Em vez de olhar para as galáxias, que surgem como objetos difusos, deteta-se a lente através da observação de estrelas individuais.

De acordo com a teoria de Chernoff, se uma corda passar entre nós e uma estrela, a luz da estrela será gravitacionalmente captada pela corda. Como resume o BGR, isto pode temporariamente duplicar o brilho de uma estrela.

Esta teoria pode abrir novos caminhos para analisar uma outra questão, que respeita não apenas aos astrofísicos: a possibilidade de viajar no tempo.

É sabido que loops temporais podem mesmo existir: assim o prova a Teoria da Relatividade, conhecida de todos. “A Relatividade Geral diz que se pode vencer geometricamente um feixe de luz numa corrida se houver um atalho”, diz Richard Gott, professor de astrofísica na Universidade de Princeton.

Se viajássemos entre dois planetas, por exemplo, e houvesse um cordão cósmico no meio, isso criaria então um atalho em comparação com uma viagem direta entre os pontos.

Mas para isso, aponta a SF, seria necessário que tanto a nave espacial como as cordas viajassem a 99,99% da velocidade da luz, o que é difícil de conseguir.

Ainda assim que admita que seria difícil construir uma máquina do tempo desta forma, Gott acredita que pode haver outra: em vez de usar cordas infinitamente longas, poderíamos usar um laço finito de cordas com a forma de um retângulo, com dois lados muito curtos e dois lados extremamente longos (potencialmente com milhares de anos-luz de comprimento).

O passo seguinte seria, então, deixar o laço colapsar. “É possível manipular este laço movendo naves espaciais enormes à sua volta”, explica, mas alerta que “estamos a falar de super civilizações”.

“Por isso, se a tua civilização concordar em fazer um loop temporal à tua volta, o que tens de fazer na tua nave espacial é esperar que os lados do loop se aproximem.” E podem aproximar-se muito, explica a SF, a milímetros de distância. Depois, seria possível “voar” à volta das cordas para visitar o seu passado.

No entanto, teria de fazer uma escolha — se visitasse o seu passado, ficaria eternamente preso num buraco negro, explica o investigador. “Não poderíamos voltar a sair para contar aos nossos amigos as nossas aventuras”, comenta.

A decisão, que pode não chegar antes que a terra seja “cortada a meio” por uma corda cósmica, está nas suas mãos — ficaria preso num buraco negro só para revisitar o seu passado?

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