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Há uma fibra (associada ao luxo) que resiste ao frio do espaço sideral

A seda é capaz de resistir a temperaturas do espaço sideral. Enquanto outras fibras poliméricas se quebram com o frio ela aumenta a resistência.

Depois de muitos anos a trabalhar essa aparente contradição, uma equipa de investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriu que a resistência criogénica da seda se deve às suas fibrilas (pequenas fibras) em nano escala.

A ordem e hierarquia sub-microscópicas permite que a seda resista a temperaturas negativas de 200 graus, e possivelmente ainda mais baixas, o que torna a fibra natural, clássica e associada ao luxo como a ideal para aplicações nas profundezas do frio do espaço sideral.

A equipa testou o comportamento e funções de várias sedas à temperatura do nitrogénio líquido (196 graus negativos). As fibras incluíam sedas de aranha, mas sobretudo as do bicho-da-seda, mais grossas.

Num artigo publicado esta quinta-feira na revista Materials Chemistry Frontiers, os investigadores explicam que conseguiram mostrar que a seda aumenta a resistência em condições em que outros materiais se tornariam quebradiços, parecendo contradizer o entendimento da ciência dos polímeros, não perdendo, mas antes ganhando qualidades em temperaturas muito frias, ficando mais forte e mais elástica.

De acordo com a teoria tradicional dos polímeros, diz o estudo que as pequenas fibras individuais se tornam mais duras à medida que ficam mais frias. Na seda, a alteração da temperatura modula a atração entre moléculas e afeta as propriedades individuais de cada pequena fibra.

As descobertas poderão ter implicações de longo alcance, sejam novos materiais para uso nas regiões polares, sejam novos compostos para aviões leves ou para outros aparelhos na estratosfera e mesosfera.

“Prevemos que este estudo levará ao design e construção de novas famílias de filamentos e compósitos estruturais difíceis usando filamentos naturais inspirados na seda para aplicações em condições de frio extremo, como no espaço”, adiantou o professor Fritz Vollrath, do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford.

As sedas naturais são ambientalmente sustentáveis, e muitas delas são biocompatíveis, o que as torna boas para uso em dispositivos médicos.

ZAP // Lusa

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