(IG) Midjourney

A beterraba e os espinafres são os melhores vegetais para cultivar durante um inverno nuclear, para quem vive numa cidade temperada. O trigo e as cenouras são recomendadas para a produção industrial nos arredores das cidades.
Se visse aí uma catástrofe global – como uma guerra nuclear, pandemia ou tempestade solar – milhões de pessoas morreriam à fome.
Agora, um estudo publicado esta quarta-feira na revista PLOS One, revelou quais as culturas que precisaríamos de cultivar para sustentar uma cidade no caso de um apocalipse.
Plantar as culturas mais eficientes minimiza a quantidade de terra necessária para alimentar uma população.
Como tal, o objetivo deste estudo passa por encontrar a maneira mais eficiente de alimentar uma pessoa usando a menor quantidade de terra possível.
De acordo com o novo estudo, o cultivo de espinafre, beterraba sacarina, trigo e cenoura em áreas urbanas e periurbanas poderia alimentar a população de uma cidade de tamanho médio num mundo pós-apocalíptico.
Em janeiro, o Relógio do Juízo Final, que indica o quão perto a humanidade está de um desastre que ameaça a espécie humana, avançou que o Mundo está a “um segundo para a meia-noite” — o mais perto que já esteve da catástrofe.
O novo estudo examinou dois cenários em caso de desastre: o que cultivar dentro e ao redor de uma cidade em condições climáticas amenas e o que cultivar em caso de um inverno nuclear.
A cultura ideal para cultivar numa cidade temperada em condições normais acabou por ser um humilde legume: ervilhas.
“As ervilhas são um alimento rico em proteínas. Crescem bem em ambientes de agricultura urbana. Se quiser alimentar alguém, cultivar ervilhas minimiza a quantidade de terra necessária para alimentar essa pessoa”, explicou líder da investigação, Matt Boyd, à Live Science.
No entanto, as plantas de ervilha não são resistentes à geada.
No caso de um inverno nuclear — que poderia ser causado por uma guerra nuclear, uma erupção de um vulcão ou pelo impacto de asteroide — a luz solar seria bloqueada. Isso, por sua vez, levaria a temperaturas mais baixas e tornaria mais difícil para as plantas realizarem a fotossíntese. Nesse cenário, uma combinação mais resistente de espinafre e beterraba sacarina é uma escolha melhor – destacaram os investigadores.
No entanto, a cidade não consegue alimentar toda a sua população. Se os alimentos forem cultivados apenas dentro dos limites da cidade, a terra disponível poderia alimentar apenas cerca de 16%, durante o inverno nuclear. Para alimentar o resto da população, as pessoas precisariam de terrenos fora da cidade para semear culturas adicionais eficientes.
Nos terrenos nos arredores da cidade, o estudo descobriu que as batatas são ideais para um cenário climático normal.
Já para um “apocalipse”, uma combinação de 97% de trigo e 3% de cenouras é a proporção ideal durante um inverno nuclear, uma vez que têm maior tolerância a temperaturas mais frias.
Boyd admite que há uma série de incógnitas na sua tese, que afetariam o rendimento das colheitas no mundo real. “Podemos imaginar cenários de catástrofes globais em que há obstáculos e problemas adicionais“, reconheceu.
A qualidade do solo, por exemplo, é uma variável importante, porque um solo de menor qualidade produziria menos colheitas. O presente estudo também assumiu um cenário em que os sistemas hídricos ainda estariam a funcionar. Os investigadores também não esperam que as pessoas comam apenas ervilhas durante um ano inteiro.