Portugal está “a fazer melhor” do que a Grécia, mas “não haja ilusões: se houver outra crise, tanto Portugal como a Grécia vão sofrer mais”.
Apesar de terem distintas trajetórias históricas, Portugal e Grécia partilham uma dimensão populacional e económica semelhante e, para o professor catedrático da Universidade Lusófona de Lisboa, António Costa Pinto, são os países que vão “sofrer mais” em cenário de nova crise europeia.
“É verdade que Portugal está a fazer melhor do que a Grécia em muitos indicadores, mas a diferença é pequena“, diz o investigador do Instituto de Ciências Sociais da UL, em entrevista ao jornal grego Kathimerini.
“Nem Portugal nem a Grécia mudaram muito a sua posição na relação centro-periferia com a UE. O facto de Portugal ter um melhor perfil internacional está relacionado com a sua democracia e localização geográfica, longe de guerras, terrorismo, grandes rotas migratórias, etc”.
As questões comuns aos dois países foram debatidas este mês em conferência em Atenas, intitulada “Crise global e transição democrática na Europa do Sul: uma história política”, organizada pela Fundação do Parlamento Helénico.
“Em termos estritamente financeiros, houve um ‘aquis’, tanto do PSD como do PS, após a ‘grande recessão’ e a intervenção do FMI: disciplina fiscal e equilíbrio orçamental”, diz o cientista político, mas “não haja ilusões: se houver outra crise, tanto Portugal como a Grécia vão sofrer mais“, garantiu, quando questionado se acredita que os dois países podem voltar a vestir o “colete de forças” fiscal que o FMI lhes trouxe em 2010 e 2011.