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O ChatGPT já tem voz. Scarlett Johansson está “chocada” e revoltada

Warner Bros. Pictures

Scarlett Johansson em “The Island”, de Michael Bay (2005)

A “Sky”, uma das cinco vozes disponibilizadas pela OpenAI para a interação com o ChatGPT, foi suspensa.

Em comunicado, a atriz Scarlett Johansson, que deu voz a um assistente de Inteligência Artificial (IA) no filme “Her”, escreveu que o CEO da OpenAI, Sam Altman, a tinha abordado em setembro de 2023 para dar voz ao ChatGPT e fazer a ponte entre os criativos e as empresas de tecnologia.

“Ele disse-me que sentia que, ao dar a minha voz ao sistema, eu poderia fazer a ponte entre as empresas tecnológicas e os criativos, e ajudar os consumidores a sentirem-se confortáveis com as alterações sísmicas relacionadas com os humanos e a Inteligência Artificial. Ele disse que a minha voz seria reconfortante“, referiu a atriz, que recusou a oferta.

Depois de muita reflexão e por razões pessoais, rejeitei a oferta. Nove meses depois, os meus amigos, família e o público em geral notaram todos o quanto o novo sistema chamado ‘Sky’ soava como eu“, apontou.

“Sky” era uma das cinco vozes disponibilizadas pela OpenAI para a interação com o ChatGPT, que transformava a ferramenta num programa de conversação semelhante à Siri ou à Alexa.

“Quando ouvi a demonstração lançada, fiquei chocada, irritada e sem acreditar que o Sr. Altman pudesse utilizar uma voz que soasse tão estranhamente semelhante à minha, que amigos meus mais próximos e meios de comunicação não conseguiam notar a diferença”, afirmou Johansson.

As parecenças entre a “Sky” e a voz de Scarlett Johansson foram sublinhadas de forma implícita por Sam Altman, que aludiu ao filme Her no X, precisamente no dia do lançamento do ChatGPT-4o, o seu mais recente modelo de Inteligência Artificial.


Tal como as outras quatro vozes, “Sky” já se encontrava disponível desde setembro de 2023 nas versões anteriores do serviço. No entanto, foi o novo modelo e a sua apresentação pública que a divulgaram de forma mais ampla.

Entretanto, a equipa legal da atriz exigiu à OpenAI que esclarecesse o processo de criação da voz, tendo a empresa concordado em desativá-la.

“Numa altura em que estamos todos a lidar com deepfakes e com a proteção da nossa própria imagem, do nosso próprio trabalho, da nossa própria identidade, considero que estas questões merecem clareza absoluta. Espero por uma resolução em forma de transparência e de legislação apropriada que garanta que os direitos individuais sejam protegidos”, declarou Johansson.

Esta segunda-feira, e horas antes de a atriz ter revelado o caso publicamente, a voz já não se encontrava disponível.

No domingo, numa declaração publicada no site, a OpenAI negou ter imitado ou utilizado a voz da atriz, afirmando que “cada uma das cinco vozes distintas ouvidas foi cuidadosamente selecionada através de um extenso processo de cinco meses que envolveu atores de voz profissionais, agências de talento, diretores de casting e conselheiros na área”.

De acordo com a empresa, terão sido avaliados mais de 400 profissionais, e os cinco escolhidos terão gravado as suas vozes em São Francisco, em junho e julho do ano passado.

De qualquer forma, a OpenAI parece ter deliberadamente optado por lançar uma pequena provocação à atriz — uma jogada de risco, diz o Business Insider, numa altura em que as empresas de Inteligência Artificial e as indústrias criativas estão em guerra aberta à volta dos direitos de autor detidos por estas últimas.

Mas, mais do que isso, Sam Altman parece não saber bem com quem se meteu. Em 2021, Johansson processou a Disney por ter lançado “Black Widow” diretamente para streaming.

O processo foi resolvido com um acordo em que a atriz, que no filme da Marvel  interpreta “Natasha Romanoff”, recebeu uma indemnização da Disney por perda das receitas de bilheteira a que teria direito se a película tivesse chegado às salas de cinema.

ZAP //

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