Saudita condenada a 34 anos de prisão por tweets

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A saudita Salma al-Shehab, inicialmente condenada a três anos de prisão por usar a Internet para “provocar agitação pública e desestabilizar a segurança civil e nacional”, viu a sua pena ser aumentada para 34 anos.

O tribunal de recurso considerou que Shehab estava “a ajudar os que procuram causar distúrbios públicos e desestabilizar a segurança civil e nacional seguindo as suas contas no Twitter”, atribuindo então a mais pesada sentença alguma vez recebida por uma saudita julgada por defender os direitos das mulheres no reino.

Como avançou esta quarta-feira o Público, Shehab não é uma ativista conhecida, nem na Arábia Saudita nem no Reino Unido, onde vivia. No Instagram, onde tinha menos de 200 seguidores quando foi detida, apresentava-se como higienista oral, aluna de doutoramento na Universidade de Leeds, professora convidada na Universidade Princesa Nourah bint Abdulrahman, em Riad, e mãe de dois filhos.

Em janeiro de 2021, foi presa na Arábia Saudita por partilhar ocasionalmente ‘tweets’ de dissidentes sauditas que viviam no exílio e apelavam à libertação de Loujain al-Hathloul, uma das mais conhecidas defensoras do direito das sauditas a conduzir.

Bethany Alhaidari, da ONG Freedom Iniciative, contou que outras sauditas viram as suas penas aumentadas depois do recurso em tribunais sauditas. Há também relatos que indicam que quando Shehab foi presa, centenas de outras mulheres terão sido também detidas, por terem feito ‘retweets’ ou usado ‘hashtags’ no Twitter.

“Isto é irracional, parte o coração e é um desastre para centenas de mulheres detidas ou que venham a ser detidas sob acusações semelhantes de apoio a direitos ou liberdades”, escreveu no Twitter Hala Dosari, académica e activista saudita.

“É irónico que enquanto celebrávamos a libertação de Loujain, Salma continuou atrás das grades por ter apelado a essa mesma libertação”, comentou a Freedom Iniciative. “É um padrão das autoridades sauditas, garantir que as ativistas não podem celebrar ou receber crédito por nenhuma das suas vitórias duramente conquistadas”, frisou.

Para Lina Hathloul, irmã de Loujain e responsável de comunicação no grupo de direitos humanos ALQST, a sentença de Shehab “é uma paródia das garantias que as autoridades sauditas têm dado sobre reformas dos direitos das mulheres e do sistema legal, mostrando que continuam empenhadas em punir severamente qualquer pessoa que expresse livremente as suas opiniões”.

“As ativistas sauditas avisaram os líderes ocidentais que dar legitimidade ao príncipe herdeiro [Mohammed bin Salman] abriria caminho para mais abusos, infelizmente estamos a testemunhar isso mesmo”, disse Hathloul ao Middle East Eye. “A aceitação da comunidade internacional parece funcionar como luz verde”, disse.

ZAP //

3 Comments

  1. La as mulheres,, em Portugal sao os homens os discriminados!.. colinhos, golpes da barriga, discriminação na saúde, no acesso a bens e serviços, ate na vontade própria!..
    Todos sabemos que por exemplo o aborto são direitos humanos, ou serão direitos feminazis?! Onde só a mulher decide e manda na vontade do homem!.. mas é contra o homem, vale tudo no estado misandrico!

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