São João cancela consultas e cirurgias, se não houver entendimento com o Governo

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Reis Quarteu / Wikimedia

Hospital Universitário de São João, no Porto

Esta sexta-feira, há mais uma ronda de negociações entre o Governo e o os sindicatos dos médicos, para a resolução dos problemas que afetam o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Os médicos apresentam três exigências ao executivo. Caso não se chegue a um consenso, o Hospital de São João, no Porto, pode vir a cancelar consultas e cirurgias, já a partir de dezembro.

O Hospital de São João, no Porto, admite cancelar consultas e cirurgias a partir de dezembro, caso não haja entendimento entre Governo e os sindicatos dos médicos.

O alerta foi dado pela presidente do conselho de administração do Hospital, Maria João Baptista, em declarações à Antena 1, em dia de mais uma ronda de negociações, entre o executivo e as entidades sindicais.

A administradora do maior hospital da zona Norte lamentou que a única forma de salvaguardar o funcionamento dos serviços de Urgência seja mesmo o cancelamento de consultas e cirurgias: “Os hospitais, em situações de contingência, têm de definir prioridades e, portanto, o doente de rotina pode não ter resposta imediata o que pode significar, nalgumas situações, o cancelamento de consultas e cirurgias”.

Se das negociações não resultar nenhum entendimento, os problemas ir-se-ão agravar ainda mais: “Em novembro, não antevemos que haja um impacto significativo em termos de atividades de rotina… mas, para o mês de dezembro, se não houver um acordo e uma normalização da capacidade de atividade hospitalar, antevemos que haja problemas. O impacto nas atividades de rotina vai ser cada vez maior com potencial de menos respostas hospitalares”, avisou Maria João Baptista.

Médicos fazem três exigências

A reposição do horário semanal de 35 horas, para os médicos que assim o desejem, a reposição do poder de compra perdido na última década com um aumento transversal de 30%, para todos os profissionais, e a reposição das 12 horas semanais de trabalho, no Serviço de Urgência, são as três exigências que os médicos fazem ao ministro da Saúde Manuel Pizarro.

“Sem estes três pontos, não é possível ter mais médicos no SNS (…) O doutor Manuel Pizarro tem de perceber que os médicos não querem viver de suplementos e de horas extraordinárias, querem ter um salário-base justo”, disse ao Público a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá.

Por sua vez, Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), espera que “o Governo responda ao que é a sua obrigação de criar condições de acesso aos cuidados de saúde”.

“Esperamos que os acontecimentos recentes e as declarações do diretor executivo do SNS [Fernando Araújo] façam finalmente o Governo passar das palavras de amor ao SNS a actos, investindo no SNS e nos seus médicos”, acrescentou.

Há ruído a mais no SNS

Esta semana, Fernando Araújo admitiu, em entrevista ao Expresso, que dezembro vai ser o pior mês de sempre nas urgências, caso não se chegue a acordo.

À Antena 1, Adalberto Campos Fernandes criticou as declarações de Fernando Araújo, bem como a forma como os responsáveis do Serviço e ministério estão a comunicar.

“O SNS não aguenta muito mais. Portanto, eu diria que o que é preciso agora é fazer um voto de silêncio e esperar que a reunião corra bem, porque essa reunião terá precedência sobre tudo o resto. Antes desta reunião, pouco ou nada devia ter sido falado ou anunciado, porque há sempre um risco de haver um compromisso no processo negocial”, considerou o ex-ministro da Saúde.

“Eu não tinha dado aquela entrevista esta semana, mas percebo que queira criar condições para que todos se unam e perceberem que é necessário chegar a um entendimento (…) era importante agora serenar, diminuir o ruído, trabalhar nos bastidores e anunciar aquilo que está feito e não aquilo que vai ser feito”, acrescentou.

Adalberto Campos Fernandes que foi ministro no XXI Governo Constitucional, entre 2015 a 2018, reiterou a necessidade de haver um acordo ou, “pelo menos, um princípio de acordo“.

Miguel Esteves, ZAP //

1 Comment

  1. É preciso obrigar todos os funcionários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) desde o topo até à base da cadeia hierárquica (médicos, enfermeiros, auxiliares, assistentes operacionais, etc.) a declarar se colaboraram/pertenceram ou se colaboram/pertencem à Maçonaria ou a outras sociedades secretas (Jesuítas, Opus Dei, etc.), depois de identificados terão de sair, os despedimentos têm de ser implementados no Estado, e proibir os sindicatos e a actividade sindical na Função Pública (FP).

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