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Santana Lopes “está a fazer as mesmas trapalhadas que fazia em 2004”

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Estela Silva / Lusa

Rui Rio, então presidente da Câmara do Porto, com Pedro Santana Lopes, então presidente do PSD, num comício em 2005

O antigo presidente da Câmara do Porto diz que, relativamente à questão dos debates na televisão, o rival à liderança do PSD só está a mostrar que continua “a fazer exatamente as mesmas trapalhadas que fazia em 2004”.

Numa entrevista ao Diário de Notícias/TSF, o atual candidato à liderança do PSD, Rui Rio, foi questionado sobre os eventuais debates com Santana Lopes, considerando ser “uma questão má” para o seu rival.

“Esta questão dos debates é má para o Dr. Santana Lopes, porque ele anda a dizer que 2004, quando foi primeiro-ministro, foi já há muito tempo, que aprendeu muito de lá para cá, mas nisto dos debates ele está a fazer exatamente as mesmas trapalhadas que fazia em 2004. Isto faz recordar, outra vez, o Pedro Santana Lopes de 2004, porque dia sim, dia não, muda de posição”, respondeu o ex-autarca do Porto.

Questionado sobre o que espera dos debates, o candidato acredita que os militantes do PSD estão a fazer a reflexão sobre qual é o “que tem mais aceitação em Portugal”.

“Eu penso que aquele que tiver mais aceitação entre os portugueses é aquele que vai merecer a preferência dos militantes do PSD. Porque o contrário não fazia sentido nenhum, imagine-se o que é os militantes do PSD conversarem no escritório, na família, nos amigos, enfim, falarem sobre estes temas e percecionarem que o melhor candidato é o candidato A, que é o candidato que o povo português mais gostaria de ver à frente do PSD, logo votam B. Isto não faz sentido, pois não? Portanto, a reflexão que costumo fazer é essa”.

Sobre as declarações de Morais Sarmento, que disse que ia votar em António Costa se o PSD não mudasse, Rio diz que a candidatura de Santana está a fazer algo “muito feio”.

“O Dr. Nuno Morais Sarmento não disse nada daquilo que a candidatura do Dr. Pedro Santana Lopes anda a dizer, aliás não acho feio, acho muito, muito feio aquilo que a candidatura do Dr. Santana Lopes anda a fazer, que é dizer que o Dr. Nuno Morais Sarmento disse que se eu não ganhasse as eleições, ele votava no atual primeiro-ministro”.

“Ele não disse isso, o que ele disse foi que se o PSD não mudar, se for para ser igual ao Partido Socialista, então mais vale votar no original, digamos assim. Pode-se gostar mais ou gostar menos disto, mas é completamente diferente de enganar as pessoas, dizendo que ele disse uma coisa que não disse. Isso é feio, não eleva a campanha eleitoral”.

Santana diz que PSD não será “muleta de ninguém”

“Não queremos ser segundos de ninguém nem muletas de ninguém. Comigo na liderança, o PPD/PSD só volta ao poder depois de ganhar eleições legislativas em 2019”, referiu num encontro em Braga que juntou cerca de uma centena de militantes.

Para Santana, que recebeu o apoio do líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, os militantes têm de pensar bem no que cada um dos candidatos “representa e pode representar para a vida do partido, nomeadamente quanto a estas coligações com o bloco central”.

“Eu não tomo como fruto do acaso as declarações do mandatário nacional do doutor Rui Rio. E muito menos tomo como fruto do acaso a tentativa de explicar essas declarações que surgiu no dia seguinte. Se o meu mandatário nacional fizesse afirmações como essas, no dia seguinte já não era mandatário nacional, ponto. Porque nenhum militante pode dizer que se o seu candidato não ganhar, ou seja por que razão for, que admite votar no doutor António Costa em eleições legislativas”, criticou Santana.

Enfatizou que, com ele na liderança do PSD, não haverá bloco central e alertou para os perigos desta solução governativa. “Um bloco central num sistema de quatro ou cinco partidos, um governo dos dois principais partidos, leva a uma conclusão muito óbvia: ao crescimento dos extremos do sistema partidário”, referiu, apontando o exemplo recente da Alemanha.

Santana diz que quer construir “uma alternativa para ganhar à frente esquerda” e que está “fora de questão” o PSD ser “parceiro de romance” com o PS.

“[O PSD não vai] ficar à espera que o doutor António Costa se desentenda com os partidos à sua esquerda e venha mudar de parceiro de romance e nos venha pedir a nós para nos comprometermos com ele. Fora de questão. Nós somos alternativa programaticamente e politicamente”, vincou.

Admitiu que, ganhe quem ganhar as eleições de 13 de janeiro, o PSD “ficará bem servido”, mas alertou que o partido “não pode ter uma liderança que aposte na distância ou no silêncio”. “Tem de estar próxima das pessoas”, defendeu.

O candidato inicia hoje a apresentação da proposta do seu programa “Um Portugal em Ideias”, que estará aberta a contributos de militantes e sociedade civil. A iniciativa, que decorrerá à tarde em Lisboa, é designada por “sessão de abertura da Convenção Nacional”, e contará com intervenções do candidato, do presidente da Comissão Nacional, Rui Machete, do coordenador do programa, Telmo Faria, e do seu mandatário nacional, Almeida Henriques, entre outros.

No inicio de janeiro, realizar-se-á uma Convenção Nacional, na qual será feita uma “discussão mais aprofundada” com o objetivo de criar a base para o futuro programa do partido às eleições legislativas de 2019, caso seja o próximo presidente do PSD.

Os candidatos à liderança do PSD têm de entregar ao presidente da Mesa do Congresso, Fernando Ruas, as moções de estratégia global até 2 de janeiro, em conjunto com a candidatura a presidente da Comissão Política Nacional do PSD.

O PSD escolherá o seu próximo presidente a 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro. Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Eu penso que ambos estão a perder muito tempo em discussões pessoais em vez de cada qual vir dizer o que pensa para o futuro do país, desta forma começam mal e a credibilidade ficar-lhes-à por terra.

  2. Santana ainda não percebeu que na política não há segundas tentativas. E a sua primeira tentativa foi… péssima.
    Os militantes que votarem Santana estarão a preparar o partido para a maior derrota de sempre.

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