Sangue revela indícios de pensamentos suicidas

Cientistas identificaram um conjunto de marcadores sanguíneos que podem ajudar a prever os indivíduos com maior risco de comportamento suicida.

A investigação, realizada na Universidade da Califórnia em San Diego, analisou metabolitos específicos no sangue e conseguiu uma precisão de 90% no diagnóstico de pensamentos suicidas num grupo de teste com quase 200 participantes.

O estudo centrou-se em indivíduos com perturbação depressiva major resistente a tratamento (PDM-rt) e perturbação depressiva major (PDM) com pensamentos suicidas, comparando-os com um grupo de controlo sem ideação suicida.

Os resultados revelaram deficiências significativas em metabolitos sanguíneos específicos associados à produção de energia e à função celular. Os resultados foram publicados recentemente na revista Translational Psychiatry.

Cinco metabolitos, incluindo carnitina, CoQ10, ácido fólico, citrulina e vitamina D, foram identificados em participantes do sexo feminino, enquanto um conjunto ligeiramente diferente de cinco metabolitos foi relevante nos homens. Estes marcadores desempenham papéis na produção de energia celular, na regulação da expressão genética, na eliminação de toxinas e noutras funções cruciais.

O médico-cientista Robert Naviaux sublinhou que, embora estes metabolitos não sejam uma cura para a depressão, os resultados sugerem oportunidades para influenciar positivamente o metabolismo. Ao compreender os desequilíbrios metabólicos associados à ideação suicida, os investigadores esperam desenvolver intervenções que possam evitar que os indivíduos atinjam esse limiar crítico.

O estudo também revelou níveis elevados de biomarcadores como o ácido lático e o fator de crescimento dos fibroblastos 21 (FGF21), associado ao stress mitocondrial, nas pessoas com pensamentos suicidas.

Isto aponta para um perfil metabólico único nos indivíduos com ideação suicida, diferenciando-o do stress habitualmente associado à depressão, sublinha o ScienceAlert.

A investigação contribui para a crescente compreensão da relação entre depressão, doenças metabólicas e estados inflamatórios. As tecnologias modernas, como a metabolómica, permitem aos cientistas aprofundar as conversações bioquímicas no interior das células, fornecendo informações sobre a complexa interação dos fatores que influenciam a saúde mental.

Embora os marcadores sanguíneos identificados necessitem de confirmação em estudos posteriores, as implicações potenciais são significativas. A esperança é que estas descobertas possam abrir caminho a intervenções mais eficazes, planos de tratamento personalizados e, em última análise, salvar vidas.

 

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