Salgado usou amnistia fiscal para regularizar 34 milhões do “saco azul” do GES

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José Sena Goulão / Lusa

Salgado aproveitou três programas de amnistia fiscal lançados em 2005, 2010 e 2012 para declarar dezenas de milhões de euros que tinha ocultado ao Fisco, beneficiando de uma taxa muito abaixo do IRS normal.

A 15 de Abril de 2012, enquanto Portugal discutia a resposta a dar à crise financeira e um possível segundo pedido de resgate à troika, Ricardo Salgado, então presidente do Banco Espírito Santo (BES) e figura de renome na alta finança e opinião pública portuguesas, decidiu aderir à amnistia fiscal lançada pelo Governo de Passos Coelho, o Regime Extraordinário de Regularização Tributária (RERT).

Esta iniciativa permitia aos contribuintes declarar património ocultado ao fisco, beneficiando de uma taxa reduzida e de uma amnistia para infrações tributárias passadas. Salgado procurou regularizar 26,5 milhões de euros mantidos em segredo nos maiores bancos da Suíça, o UBS e o Credit Suisse, avança o Público.

Entre 2008 e 2014, Salgado só declarou uma parte dos seus rendimentos, tendo ocultado grandes quantidas de suplementos e honorários que recebeu do GES e que eram processados pelas empresas de fachada controladas pela Espírito Santo International que funcionavam como um “saco azul”.

O caso de 2012 não foi único e o banqueiro já tinha participado nos dois RERT anteriores. Os fundos em causa estavam escondidos em contas suíças sob a fachada de empresas fictícias em paraísos fiscais. Salgado optou também por dois bancos suíços com um histórico de investigações por ajudarem à evasão fiscal.

No total, Salgado regularizou 34,2 milhões de euros através dos três RERT e pagou 2,4 milhões de impostos, beneficiando de taxas de IRS muito abaixo do que pagaria em circustâncias normais e se tivesse sido tributado de acordo com as regras gerais do imposto.

Manuel Espírito Santo Silva, primo de Ricardo Salgado, também aproveitou o RERT I — ainda durante o Governo de Sócrates em 2005 — para declarar 2,8 milhões de euros, pagando 138,2 mil euros de imposto. Este dinheiro estava também depositado nos mesmos bancos na Suíça e o esquema de dissimulação era parecido.

ZAP //

3 Comments

  1. Afinal lembra do que fez, e diz que foi LEGAL, e se crime e os outros crimes? aí já tem alzaimer? O lugar dos criminosos, doentes ou não, é na cedeira.

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