Nível salarial dos políticos e corrupção. “Não podemos ligar estas duas questões”

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Tiago Petinga / Lusa

O presidente do Conselho de Prevenção da Corrupção e a presidente da associação Transparência e Integridade afastam uma relação direta entre o nível dos salários e o fenómeno da corrupção.

“Não podemos ligar essas duas questões. A corrupção e as infrações conexas prendem-se com valores e princípios fundamentais, como a ética em sociedade, e não com salários” disse ao Público José Tavares, enaltecendo os “mecanismos de defesa da sociedade, como são os instrumentos de controlo e prevenção”.

Para Susana Coroado, “ainda que os baixos salários possam, de alguma forma, estimular e abrir a porta a que quem tem alguma necessidade financeira se sinta tentada a aceitar um suborno ou desviar dinheiros públicos, a verdade é que, se olharmos para os casos de corrupção mais mediatizados nos últimos anos, não estamos a falar de pessoas que ganham pouco”.

“São pessoas de altos cargos do sector financeiro ou de antigos monopólios estatais, por exemplo”, continuou, afirmando ainda: “Não me parece que se encontre uma relação directa entre os rendimentos e a corrupção”.

Segundo um estudo da consultora britânica de mercados financeiros IG, em 2018 António Costa ocupava a 28.ª posição num ranking de 32 países da OCDE relativamente ao salário bruto de primeiro-ministro – três vezes o salário médio nacional, que na altura rondava os 1700 euros.

Os dados revelaram ainda que a lista era liderada pelo mexicano Enrique Peña Nieto, que ganhava quase onze vezes o salário médio do país. Em Espanha esse rácio era de 2,62, na Grécia de 3,28, na Irlanda de 4,54, em França de 5,13, na Turquia de 5,79, e na Suíça o primeiro-ministro ganhava oito vezes o salário médio.

Os cinco políticos com os maiores salários, apontou o Público com base naqueles resultados, eram o chefe de Governo australiano Malcolm Trunbull (428 mil euros anuais), o suíço Alani Berset (391 mil), o norte-americano Donald Trump (324 mil), a alemã Angela Merkel (300 mil) e a neozelandesa Jacinta Ardern (276 mil).

Nos chefes de Estado: a rainha Isabel II (87 milhões de euros anuais), o rei Filipe da Bélgica (11,7 milhões), a rainha Margarida II da Dinamarca (11 milhões), o imperador japonês Akihito (2,5 milhões) e o rei Guilherme Alexandre dos Países baixos (888 mil).

Já o Presidente checo Miloš Zeman ganhava 9947 euros anuais, metade do ordenado médio do país. Abaixo dos cerca de 78 mil euros de Marcelo Rebelo de Sousa apareciam os seus homólogos esloveno, estónio, húngaro, letão e polaco.

No Parlamento Europeu, o salário base bruto (9166,3 euros; 7146,11 líquidos) e o subsídio para despesas do gabinete (4778 euros) são iguais para todos os eurodeputados – a única diferença poderá ser na taxação final no país de origem dos parlamentares.

ZAP //

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