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Salário de professores sobe 4 euros por ano. “E ninguém quer viajar para receber meio salário”

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Luís Sottomaior Braga / Facebook

Vencimento líquido de docentes em fase inicial da carreira só aumentou 28 euros, desde 2017. Professor deixa outros protestos, em entrevista ao ZAP.

Os professores exigem, entre outros aspectos, uma melhoria salarial. É esse um dos motivos das diversas greves e dos protestos que têm preenchido este ano lectivo.

Os números divulgados nesta terça-feira pelo jornal Correio da Manhã mostram parte da origem dessa reivindicação.

Desde 2017 até agora, ou seja em seis anos, o salário líquido dos professores do primeiro escalão – em início de carreira – subiu 28,63 euros.

Uma média de 4,77 euros por ano. Nos casos destes professores, o salário tem subido menos de 5 euros por ano.

Comparando com a inflação registada no mesmo período (11,8%, contra a subida de 2,5% no salário), os professores perderam 9,3% do poder de compra.

Olhando para valores brutos, um professor que inicie agora a sua carreira recebe 1589,01 euros por mês; mais 70 euros do que em 2017.

O salário líquido desce para 1189,60 euros (subsídio de alimentação incluído), se a pessoa estiver solteira e sem filhos.

No global, o salário máximo de um professor no ensino público é 2.733,58 euros, já no 10.º escalão (a maioria está abaixo do quinto). Mas, para chegar a esse valor, terá de ser pessoa casada, um titular, com cônjuge deficiente e com cinco filhos.

O copo transbordou

Ainda relacionados com salários – e com colocações – ouvimos outro professor (sob anonimato) que abordou a proposta do Ministério da Educação, que quer obrigar os professores a concorrerem a todo o país, antes de cada ano lectivo.

Muitos docentes já fazem isso, mas sem ser obrigatório, porque sabem que provavelmente iriam ficar excluídos caso não concorressem a todo o país.

O professor contactado pelo ZAP relatou o seu percurso: em praticamente metade dos últimos 10 anos só veio a casa ao fim-de-semana, porque ficou longe.

Também poderia esperar pela segunda parte do concurso para ficar próximo de casa: “Mas claro que era preciso que o director da escola me completasse o horário e que o tempo de serviço contasse desde 1 de Setembro”.

“Hoje em dia isso ja não é possível. Os horários são disponibilizados com menos que 22 horas lectivas. Por isso é que ficam turmas por preencher. Ninguém quer dizer viagens longas diárias para ganhar meio salário ou menos”.

Por isso, obrigar todos os professores contratados a concorrer ao país todo é uma “barbaridade”.

“É que, mesmo que tenham horário completo, o salário será correspondente ao escalão. Ou seja, por exemplo no quarto escalão, trariam para casa em média menos de 1.300 euros limpos. Mas como se pagam deslocações e casa longe do seu local de residência? Espírito de missão apenas?”, questionou.

O “copo transbordou” por outro motivo: a ideia de serem os directores a gerirem a colocação de professores. “Isso daria lugar a arbitrariedades para colocar os amigos e conhecidos numa determinada escola”, avisou o professor.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

19 Comments

  1. O problema é que o salário base dos professores já é elevado comparativamente a outras profissões com licenciatura que rondam os 1200€, por conseguinte o governo pressionado por todos os lados ou iguala todos os salários base ou aumenta o fosso sabendo que resolve o problema dos profs mas fica em guerra com as outras profissões. Tendo em conta que por outro lado o orçamento é apertado querendo manter o défice e acudir a restante população com a corda ao pescoço, O Costa não tem a vida fácil.

    • e as Outras Profissões têm de “Pagar para andar com a casa as costas” todos os anos sem saberem onde vão estar o ano seguinte?

      • Andar com a casa às costas, tem que se lhe diga, mas não responde ao argumento anterior.
        E os professores estão sujeitos ao desemprego como as outras profissões ?
        Argumentos exdruxulos não acrescentam nada …
        A solução para os deslocamentos é o pagamento de subsídio e aí, logo fazem as contas melhor e evitam o corropio anual de professores.

      • As outras profissões nem sequer sabem se amanhã têm emprego quanto mais daqui a um ano…
        E depois, sim, têm de andar com a casa às costas, ou pensa que o emprego vem bater-lhe à porta?! E não é apenas a nível nacional. São muitos os engenheiros, enfermeiros, médicos que tiveram de sair do país!!!! E não trabalham 35 horas. Se dobrar isso é capaz de estar mais próximo do horário semanal de trabalho.

      • Os professores só se deslocam porque não têm trabalho ao pé de casa, tal como qualquer outra profissão, não são obrigados a ir, e em muitos casos vão para sítios onde existe professores que moram mais perto, no entanto como as colocações obedecem ao numero de ordenação cria-se esta estupidez de profs de Coimbra irem para Lisboa, profs de Lisboa irem para ao Porto e profs do porto irem para Coimbra. As escolas deveriam ser como qualquer outra instituição publica onde para entrar são sujeitos a avaliação curricular e a partir daí ficam vinculados a instituição. e sempre que algum se aposenta abre uma vaga.

      • Só andam com as casas às costas porque querem um Tacho, há muitas Escolas Privadas e falta de pessoas na construção civil, preciso de pessoal e não tenho, tenho pessoas a trabalhar a centenas de kms e mesmo fora de Portugal, e não se queixam, porque não tem mama do estado.

      • Desculpe mas o Sr. está a falar dos Professores e depois diz que há muito trabalho na construção Civil?

      • É sempre uma alternativa. E pelo menos sempre tem alguma estabilidade de colocação durante o período de construção da casa.

      • Tenho colegas meus a trabalharem na Construção civil onde o Ordenado é de 800€ e andam dias fora de casa , na França pagam mais de 2000€ e sei de muitos amigos meus que têm ido para lá trabalhar e não só , para a suiça e outros Paises, será o que o Problema de falta de mão de obra não serão os baixos Ordenados? Um colega meu mandou construir a casa na Mesma altura que eu e eu paguei quase o mesmo mas andavam lá somente Pedreiros Portugueses e sei que recebiam bem , a do meu amigo merico foi feita por uma companhia onde 30% dos trabalhadores eram estrangeiros, a minha casa hoje com 10 Anos está impecavel e a dele tem a Tinta a cair , reboco a cair, as Portas já com folga.Ou seja querem Mão de obra barata e depois o Cliente final é que se lixa.Se os Empreiteiros pensarem em receberem menos para comprar grandes bombas e aumentarem os salarios , provavelmente não têm falta de mão de Obra

      • Ó Marco Paulo… tu és tolo da cabeça!!! Um pedreiro em Portugal a ganhar 800 euros?!!!!! Anda lá, tem juízo. Se não sabes, não comentes.

  2. A ordenação tem a ver exatamente com a avaliação académica e curricular do candidato. Se um professor não consegue colocação à porta de casa, é porque existe à sua frente na ordenação um outro professor melhor colocado. Como eles costumam dizer: estudasses..

    • Também tu poderias ter estudado um pouco mais… Não é “melhor colocado” mas sim “mais bem colocado”. Estudasses mais!
      E não sou professor…

  3. A classe dos Professores estão publicamente a oferecer ao governo a melhor oportunidade para experimentar o sistema convencionado para o ensino Privado, de que está o Governo á espera? A melhor forma de respeitar estes profissionais é dar possibilidades de escolha, assim, começar por convencionar a recuperação dos alunos sem aulas e fechar as escolas que não dão condições de ensino, dar as mesmas possibilidades às câmaras Municipais que queiram participar na solução localmente.

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