A inflação levou a que o valor real do salário mínimo caísse de 705 euros para 639 euros. Quem recebe pensões de velhice e de invalidez, vê o seu poder de compra descer para 252 euros.
A inflação, que já atingiu os 9,3%, está a fazer com que os trabalhadores que recebem o salário mínimo percam 66 euros por mês devido ao menor poder de compra, escreve o Jornal de Notícias.
Os dados estão disponíveis no Pordata e as contas foram feiras pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Os cálculos mostram que a subida dos preços levou a que os 705 euros mensais valham, na verdade, apenas 639 euros.
“Quem recebe uma pensão mínima de velhice e de invalidez, vê o seu poder de compra descer para 252 euros“, refere o documento da fundação, que lembra ainda que “temos de recuar a 1992” para encontrarmos uma taxa de inflação semelhante. Há 20 anos, a inflação chegou aos 9,6%.
Os dados mostram ainda que entre 1978 e 2021, já houve 16 anos onde a inflação subiu mais do que o salário mínimo. Em relação às pensões de velhice e invalidez, os beneficiários perderam poder de compra em 14 anos neste mesmo período.
O relatório alerta ainda que “Portugal já vinha registando uma tendência preocupante no que diz respeito ao aumento da pobreza” que está agora a ser agrava devido ao contexto internacional da guerra na Ucrânia, que criou uma crise energética que está a alimentar a espiral de inflação.
Em 2020, o número de portugueses em risco de pobreza também “aumentou 12,5%, algo que não acontecia desde 2014”. Isto traduz-se em 2,3 milhões de pessoas nesta situação.
Portugal também piorou em três indicadores-chave em comparação com os 27 — passou de 13.º em 2019 para 8.º no indicador referente à população em risco de pobreza e exclusão social, subiu da 12.ª para a 10.ª posição quanto à taxa de risco de pobreza após transferências sociais e também subiu de 10.º para 8.º lugar na desigualdade na distribuição dos rendimentos.