A Agência Mundial Antidopagem (AMA) considerou esta segunda-feira que dificilmente o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) anulará os quatro anos fora das competições internacionais com que sancionou a Rússia, devido a questões relacionadas com doping.
A Rússia foi excluída dos Jogos Olímpicos de 2020 e da fase final do Mundial de futebol do Qatar, em 2022, devido ao uso recorrente de substâncias dopantes por parte dos seus atletas, com o apoio estatal, num processo revelado há cerca de seis anos.
De acordo com um porta-voz da Agência Mundial Antidopagem, a decisão “tomada por unanimidade” determina a exclusão da Rússia dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, de Inverno Pequim2022 e de todos os campeonatos do Mundo, e prevê a possibilidade de os atletas competirem sob bandeira neutra.
“Se a decisão for deliberadamente adiada para que não afete os Jogos Olímpico de Tóquio, em 2020, será cumprida em Paris2024. Cabe aos russos decidir em quais Jogos Olímpicos participar”, disse em conferência de imprensa Jonathan Taylor, do Comité de Revisão de Conformidade da Agência Mundial Antidopagem.
A AMA decidiu excluir a Rússia por quatro anos de eventos desportivos por manipular o banco de dados das análises antidoping do laboratório de Moscovo e deu ao país 21 dias para cumprir essa decisão ou recorrer ao TAS.
Jonathan Taylor esclareceu que eventos continentais como o Euro2020 de futebol, para o qual a Rússia está apurada e que irá receber alguns jogos em São Petersburgo, não serão afetados pela exclusão, nem o apuramento para o Mundial2022, no Qatar.
No entanto, caso a seleção russa se qualifique para a Mundial do Qatar, em 2022, não poderá participar, “a menos que seja estabelecido um mecanismo para que o faça de maneira neutra”, sem competir sob a bandeira e as cores da Rússia.
Atletas russos que provem não estar envolvidos nos esquemas de doping poderão participar, mas representando uma bandeira neutra, frisa a SIC Notícias.
Ganhar recurso “é impossível”
O presidente da Agência russa antidopagem, Iouri Ganous, considerou esta terça-feira que o país não tem “nenhuma hipótese” de ganhar, caso venha a recorrer da exclusão por quatro anos dos Jogos Olímpicos. “Não há nenhuma hipótese de ganhar diante de um tribunal”, considerou Ganous, em declarações à agência AFP.
O responsável da agência russa disse ainda que a exclusão é uma “tragédia” para os desportistas honestos.
Por sua vez, o Presidente russo defendeu na segunda-feira que a decisão da AMA tem uma “motivação política”. “Qualquer punição deve ser individual e não coletiva”, defendeu o Vladimir Putin, dizendo acreditar que a sanção à Rússia se explica “não pela preocupação de ter um desporto limpo”, mas sim por “uma motivação política”.
Para Vladimir Putin, a decisão da AMA “contraria a Carta Olímpica”, o documento estruturante do Movimento Olímpico e da organização dos Jogos Olímpicos.
“Não há qualquer repreensão a fazer ao Comité Olímpico russo, e se não há nenhuma repreensão a este comité, então o país deve poder participar nas competições sob a sua bandeira nacional”, declarou durante uma conferência de imprensa em Paris, onde esteve reunido com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
ZAP // Lusa