Peritos na Rússia exumaram os restos mortais do czar Nicolau II e da sua mulher, Alexandra, como parte de mais uma polémica envolvendo o assassinato da família real em 1918.
Nicolau II e Alexandra, com os seus cinco filhos e quatro acompanhantes, foram executados pelos bolcheviques por ordens de Lenine, em julho de 1918, nos arredores da cidade de Ecaterimburgo, pouco menos de um ano depois da revolução que derrubou a monarquia no país.
A pedido da Igreja Ortodoxa – que canonizou o czar e a família como mártires -, foram retiradas amostras de ADN dos ossos do casal.
A investigação tem como objetivo resolver o impasse sobre o enterro do que seriam os restos mortais dos últimos membros da dinastia Romanov – o príncipe Alexei e a princesa Maria, cujos restos tinham sido encontrados noutro local e estavam guardados num repositório do Estado.
Nicolau II, a mulher e as princesas Olga, Anastácia e Tatiana estão enterrados na Catedral de São Petersburgo. A ideia é comparar amostras recolhidas na exumação com o ADN de Alexei e Maria, para confirmar a sua identidade.
As ossadas do príncipe e da princesa foram encontradas em 2007, 16 anos depois de os restos mortais dos Romanov terem sido localizado numa vala comum, num local diferente.
Em 2008, peritos russos e americanos afirmaram que as análises de ADN identificaram positivamente as ossadas de Alexei e Maria.
No entanto, há alguns meses, o governo russo criou um grupo de trabalho, liderado pelo primeiro-ministro Dmitry Medvedev, para analisar o caso.
Esta quarta-feira, um porta-voz de Medvedev anunciou a reabertura do processo, informando que serão realizados novos exames, recorrendo ao que foi chamado de “provas antes não disponíveis“.
Os testes serão feitos com recurso a material genético do casal real, mas também terão uma comparação com ADN proveniente de manchas de sangue de um uniforme militar usado pelo o bisavô de Alexei e Maria, o czar Alexandre II, morto num atentado deflagrado por radicais republicanos em 1881. Também será feita uma comparação com o ADN de uma irmã da czarina, Yelizaveta Fyodorovna.
A descoberta das ossadas dos Romanov em 1991 levou à abertura de um inquérito sobre homicídio, mas o caso foi arquivado em 1998 porque não havia como identificar alguém ainda vivo que poderia ter participado do fuzilamento.
No início de setembro, o grupo de trabalho liderado por Medvedev sugeriu que os restos de Alexei e Maria fossem enterrados no dia 18 de outubro, mas voltou atrás depois de a Igreja Ortodoxa Russa questionar a autenticidade dos restos mortais.
Nicolau II foi forçado a abdicar em março de 1917, durante a revolta que culminaria com a grande Revolução de Outubro. Acabou preso pelos bolcheviques depois de lhe ter sido negado um pedido de asilo feito ao então soberano britânico, George V, de quem era primo. O czar e a família foram executados em julho do ano seguinte, os corpos atirados ao poço de uma mina e depois queimados com ácido e enterrados numa vala comum.
A igreja nunca reconheceu completamente a autenticidade dos restos mortais e, na cerimónia em que o czar, a czarina e as princesas foram enterrados o padre recusou-se a dizer os nomes dos nobres. Também já houve pedidos para novos testes às ossadas já enterradas.
A relutância das lideranças ortodoxas deve-se ao fato de, em 2000, o casal real e as princesas terem sido canonizados. Em 2016, por ocasião do centenário da morte dos Romanov, o mesmo acontecerá com Alexei e Maria.
“Queremos que os exames sejam feitos na presença de testemunhas da Igreja. Estas pessoas foram canonizadas e os seus restos mortais são relíquias sagradas. As pessoas rezam diante delas. É importante termos a certeza”, disse no início do mês ao The Guardian um porta-voz ortodoxo, Vsevolod Chaplin.
Os descendentes dos Romanov estão divididos entre os que se queixam da hesitação da igreja e os que defendem a sua posição – entre eles a princesa Maria Vladimirovna, tetraneta de Nicolau II, que mora em Espanha e se autointitula herdeira do trono russo.
Os descendentes vivem fora da Rússia, mas visitam constantemente o país e ainda são venerados pelos fiéis ortodoxos e por pessoas ligadas à extrema-direita.
ZAP / BBC
Fato? O ano 2000 andava de fato? Como é que em Portugal, se insiste neste disparate, que nada tem a ver connosco? Por cá e que eu saiba, mesmo com o tal “pseudo acordo” ainda se escreve e diz, facto! Para além de ser muito mais correcto, é mais elegante e soa muito melhor.