Rússia compara ordem de exploração de recursos espaciais dos EUA ao colonialismo

A Roscosmos, agência espacial estatal russa, denunciou uma ordem executiva do Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que permite a exploração e a extração de recursos no espaço, comparando esta medida ao colonialismo.

Esta semana, Trump assinou a ordem executiva, frisando que o país apoia esta atividade. No documento assinado, o Presidente salientou que o atual regime regulatório permite a utilização destes recursos, que podem ser encontrados na Lua ou em asteróides, apelando ainda à cooperação de outros estados ou entidades para explorá-los.

“Os norte-americanos devem ter o direito de participar da exploração comercial, extração e uso de recursos no espaço sideral, de acordo com a lei aplicável. O espaço sideral é um domínio legal e fisicamente exclusivo da atividade humana, e os Estados Unidos não veem como um bem comum global”, pode ler-se no despacho.

“Consequentemente, a política dos Estados Unidos passa por incentivar o apoio internacional à exploração e ao uso público e privado de recursos do espaço sideral, de acordo com a lei aplicável”, lê-se ainda na nota, que se refere ao Tratado de 1967, a base do direito espacial internacional, como frisou a agência Europa Press.

Em comunicado, a Roscosmos afirmou que “tentativas de desapropriar o espaço sideral e planos agressivos para realmente dominar outros planetas” impedem a cooperação internacional na arena espacial.

Sergei Savelyev, vice-presidente da agência espacial russa, parecia comparar a ordem de Trump ao colonialismo. “Já houve exemplos na História em que um país decidiu começar a tomar territórios devido aos seus próprios interesses e todos se lembram de como isso acabou”, disse.

O Kremlin disse mais tarde que qualquer colonização do espaço seria “inaceitável”.

A ordem de Trump tem por base um projeto de lei de 2015, que incentiva as entidades comerciais dos EUA a extrair e a vender recursos extraídos do espaço sideral.

Tal como os EUA, a Rússia tem planeado nos últimos anos retornar à Lua. A Roscosmos avançou que tem planos para estabelecer uma base de longo prazo na lua nas próximas duas décadas, enquanto o Presidente Vladimir Putin prometeu lançar uma missão a Marte “muito em breve”.