Análise de Dmitri Peskov, que afasta um reencontro entre os presidentes dos dois países. EUA devem renunciar às suas ambições de hegemonia, defendeu.
A Rússia e os Estados Unidos estão atualmente num “ponto de confronto muito, muito quente“, disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
“Estamos hoje num ponto de confronto muito, muito quente”, afirmou o representante da Presidência russa à agência RIA Nóvosti.
De acordo com Peskov, apesar das esperanças que surgiram sobre uma possível melhoria nas relações após o encontro de há um ano entre os líderes dos dois países em Genebra, na Suíça, “Washington recusou-se a discutir a questão da segurança da Rússia e a não expansão da NATO” para as fronteiras russas.
Comentando a possibilidade de um novo encontro entre Vladimir Putin e Joe Biden, Peskov disse que “dificilmente seria possível agora ou num futuro próximo”.
A única maneira de normalizar as relações é os EUA renunciarem às suas ambições de hegemonia e entenderem que “a Rússia não quer, não é e não pretende ser o vassalo de ninguém em nenhum sentido”, sublinhou.
Na quarta-feira, Peskov admitiu que a Rússia e o Ocidente terão de interagir no futuro, mas desde que os interesses e preocupações das partes sejam respeitados.
“A comunicação é necessária. No futuro, teremos de conversar, seja como for. Os Estados Unidos não vão a lugar nenhum, nem a Europa. Teremos de interagir de alguma forma”, disse o porta-voz do Kremlin na sua conferência de imprensa diária.
Peskov argumentou que esta interação deverá basear-se unicamente nos princípios do respeito mútuo, da segurança indivisível e dos interesses das partes, admitindo que isso não acontecerá nos próximos tempos.
“É possível regressar agora ao espírito de Genebra, quando ainda havia esperança? Dificilmente podemos ter esperança, quando percebemos o que está a acontecer agora”, disse Peskov, questionado sobre o aniversário da primeira reunião entre os líderes da Rússia e dos EUA, em Genebra, que se assinala na quinta-feira.
O porta-voz do Kremlin defendeu ainda que, nas condições atuais, “pode haver nova esperança”, mas apenas baseada numa forma de interação totalmente diferente daquela que foi tentada há um ano.
// Lusa