“O que Pedro Nuno fez seria inadmissível, mesmo para um estagiário. Agora lidera o PS”

José Coelho / LUSA

O presidente do partido Iniciativa Liberal (IL) Rui Rocha discursa durante um jantar/comício

Rui Rocha critica novo líder dos socialistas mas também ataca Montenegro, ao lembrar o caso do “pescador da Afurada”.

Rui Rocha não entende como Pedro Nuno Santos foi escolhido para liderar o Partido Socialista (PS), depois das polémicas enquanto foi ministro das Infraestruturas e da Habitação.

Sobretudo por causa da polémica indemnização a Alexandra Reis, ex-administradora da TAP, que foi uma decisão de “estagiário” – ou nem isso.

“Em qualquer empresa, alguém que decide por WhatsApp atribuir uma indemnização de 500 mil euros, isso seria algo inadmissível, mesmo para um estagiário”.

“Já para não falar do estado da ferrovia, do estado da habitação de que ele é directamente responsável”, continuou o líder da Iniciativa Liberal.

“Pois bem: o PS, depois de todo esse mau serviço ao país, considera que Pedro Nuno Santos é o secretário-geral que devia escolher”, afirmou em conversa com os jornalistas em Cacilhas.

“Numa empresa, seria inadmissível do ponto de vista do trabalho feito por alguém; e aqui temos uma promoção a secretário-geral. É bem a forma como o PS entende o país”, analisou.

Já na noite passada, o liberal tinha criticado Pedro Nuno: “Um país com vontade de crescer mas sempre a ser travado por impostos, por falta de acesso à saúde, por burocracias e por imposições do Estado… Enquanto esse país lutava, o país de Pedro Nuno Santos era o país de indemnizações de meio milhão de euros decididas por WhatsApp”.

Mas também não esqueceu Luís Montenegro, presidente do PSD: “Disse que um pescador da Afurada deveria poder escolher ser tratado (saúde), ou num serviço público, ou num serviço social, ou num serviço privado. Perfeito. Só há um pequeno problema: é que três ou quatro dias antes, o PSD chumbou no Parlamento a nossa proposta de lei de bases da Saúde, que permitira ao pescador da Afurada fazer exactamente isso”.

Rui Rocha criticou o PSD pela manutenção do circulo de compensação dos votos, das dificuldades do acesso à saúde e por o IRS não ter baixado.

No discurso durante um jantar comício organizado pelos núcleos territoriais do distrito do Porto da IL, Rui Rocha assinalou que “para o país mudar, realmente, tem de ser influenciado na sua governação por quem o quer mudar”, lançando o mote para as criticas aos social-democratas a quem acusou de “afirmarem querer mudar o país, mas quando chega o momento-chave nunca diz presente”.

Recorrendo a três exemplos, Rui Rocha começou pelo circulo de compensação e pelos “730 mil votos desperdiçados no sistema eleitoral português na última eleição”.

“O PS e o PSD há 30 anos que reconhecem que há um problema, que dizem que querem mudar, que querem alterar esta situação, que estão disponíveis para mudar e, em 30 anos, não o fizeram. Depois nós avançámos com a proposta na Assembleia da República e os comentários foram: não é o momento, são temas para debater com profundidade”, recordou o dirigente.

E continuou: “É preciso esperar quanto mais tempo, quantos mais votos é preciso desperdiçar, é preciso chegarmos ao milhão de votos desperdiçados para mudarmos isto? Para a IL não, temos de mudar e mudar já. Isto foi o que se passou com o PSD que votou contra a nossa proposta depois de 30 anos a dizer que era um problema e que era preciso mudar”.

No segundo exemplo, sobre o acesso à saúde, Rui Rocha criticou o PSD por ter chumbado a proposta da IL e no terceiro por os social-democratas terem mostrado a “mesma ambição que o PS em baixar impostos, ficando muito abaixo da proposta” do seu partido.

A terminar, o político afirmou que os portugueses podem contar com a IL para a “simplificação de processos” e na “luta contra os abusos do Estado”, numa intervenção em que lançou críticas também ao “PS de António Costa e de Pedro Nuno Santos” a partir de pequenas histórias de pessoas que disse ter encontrado e cujas dificuldades testemunhadas atribuiu ao Governo.

“Os portugueses estão cansados da estagnação que os impede de crescer (…) temos a responsabilidade de mudar (…) a vida concreta dos portugueses”, concluiu o líder liberal.

Na manhã seguinte Rui Rocha foi também questionado sobre o facto de Carla Castro, antiga concorrente à liderança da IL, ter recusado entrar na lista de candidatos a deputados: “Foi uma recusa de uma posição abaixo do quarto lugar, entre os quinto e sétimo lugares. Foi uma decisão do partido (colocá-la nesse lugar), as pessoas depois são livres para decidirem o que quiserem”.

// Lusa

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