Rover Phoenix da NASA esteve “cercado” por 26 micróbios desconhecidos (e resistentes)

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Rover Phoenix em Marte, conceito artístico

Dezenas de espécies de bactérias “extremófilas” nunca antes vistas estavam escondidas numa sala limpa da NASA, que foi usada para colocar em quarentena o módulo de aterragem em Marte, que foi lançado com sucesso para o Planeta Vermelho há mais de 17 anos, revela um novo estudo.

O rover Phoenix foi enviado para Marte em 2007. Quase 20 anos depois, surgem resultados que lançam alertas sobre a contaminação biológica durante a exploração espacial.

Num estudo das amostras recolhidas da sala de quarentena do Centro Espacial Kennedy usada para preparar a sonda antes do seu lançamento para Marte, os astrónomos da NASA descobriram que o Phoenix esteve “cercado” por 26 espécies desconhecidas de bactérias extremófilas.

O estudo identificou 53 estirpes de 26 espécies de bactérias até aqui nunca documentadas, que sobreviveram na sala em ambientes concebidos para serem extremamente estéreis – com condições controladas de temperatura, humidade e fluxo de ar que impedem a proliferação microbiana.

Alguns destes micróbios resistentes podem ser capazes de sobreviver no vácuo do espaço. No entanto, não há evidências de que a nave espacial ou Marte tenham sido contaminados, diz o Live Science.

O estudo mostra que estas bactérias têm genes adaptados à reparação do ADN, à desintoxicação de substâncias nocivas e ao metabolismo otimizado.

Jayson Ricamara / KAUST

Alexandre Rosado e Junia Schultz, investigadores da Universidade Rei Abdullah, na Arábia Saudita, e co-autores do estudo

São estas as características que lhes permitem sobreviver, mesmo em ambientes onde a maioria das formas de vida não consegue sobreviver.

“Os genes identificados podem ter aplicações na medicina, na preservação de alimentos e noutros campos industriais”, explica Junia Schultz, investigadora da Universidade Rei Abdullah, na Arábia Saudita, e primeira autora do estudo, que foi publicado no início do mês na revista Microbiome.

Estas capacidades microbianas podem também ser aproveitadas em futuros desenvolvimentos biotecnológicos.

Além disso, a descoberta pode rever os atuais protocolos de descontaminação para missões espaciais. A presença de micróbios tão resistentes em ambientes supostamente estéreis levanta questões sobre a segurança biológica em futuras explorações interplanetárias.

“O nosso estudo teve como objetivo compreender o risco de transferência de extremófilos em missões espaciais e identificar quais microrganismos poderiam sobreviver às duras condições do espaço”, diz Alexandre Rosado, microbiologista da Universidade Rei Abdullah e corresponding author do estudo.

“Este esforço é fundamental para monitorizar o risco de contaminação microbiana e evitar a colonização não intencional de planetas em exploração”, conclui o investigador.

Efetivamente, do ponto de vista de Marte, os aliens somos nós.

ZAP //

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