A rotação da Terra vai acelerar em julho e agosto. Ninguém sabe porquê

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A influência gravitacional da Lua deveria estar a abrandar a rotação da Terra, mas vários dias deste verão serão especialmente curtos. Os cientistas não sabem o que está por trás desta aceleração.

Este julho e agosto, prevê-se que a Terra gire ligeiramente mais depressa do que o habitual, dando continuidade a uma tendência curiosa que tem surpreendido os cientistas. Em vez de abrandar, como seria esperado devido a processos naturais como a influência gravitacional da Lua, a rotação do planeta está a acelerar — levantando questões sobre o que poderá estar a causar esta mudança.

A rotação da Terra nunca foi constante ao longo da sua história. No passado distante, um ano podia conter entre 372 e 490 dias, devido às oscilações na rotação. Com o tempo, interações gravitacionais, especialmente com a Lua, têm vindo a abrandar gradualmente a rotação da Terra a um ritmo de cerca de 1,8 milissegundos por século. No entanto, desde 2020, esta desaceleração inverteu-se, com 2024 a registar o dia mais curto de sempre1,66 milissegundos a menos do que o padrão de 86.400 segundos.

De acordo com modelos do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) e do Observatório Naval dos Estados Unidos, vários dias de julho e agosto de 2025 estão previstos para serem dos mais curtos do ano. A 9 de julho, prevê-se que o dia seja 1,30 milissegundos mais curto, com reduções semelhantes a 22 de julho e 5 de agosto, refere o IFLScience.

Embora estes dias mais curtos possam ser explicados pela posição da Lua em relação ao equador terrestre — quanto mais afastada estiver, menor é o atrito gravitacional —, a tendência geral de aceleração permanece um mistério. Desde 1972, foram adicionados 27 segundos intercalares para compensar a desaceleração da Terra, mas nenhum foi necessário desde 2016. Os especialistas não previam esta mudança.

“Esta ausência da necessidade de segundos intercalares não foi antecipada,” afirmou Judah Levine, do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA. Leonid Zotov, da Universidade Estatal de Moscovo, acrescentou que os modelos atmosféricos e oceânicos não explicam esta aceleração. “A maioria dos cientistas acredita que a causa está no interior da Terra.”

Um fator conhecido que pode afetar a rotação são os grandes sismos. Por exemplo, o terramoto de magnitude 9,0 de 2011, ao largo do Japão, deslocou o eixo da Terra em 17 cm e encurtou o dia em 1,8 microssegundos. Efeitos semelhantes foram observados após o sismo de 2004 na Indonésia.

A rotação terrestre é agora monitorizada com uma precisão sem precedentes, graças aos relógios atómicos e a observatórios internacionais. Resta saber se estes dias mais curtos estabelecerão novos recordes — mas o mistério persistente continua a desafiar a compreensão científica sobre o funcionamento interno do nosso planeta.

ZAP //

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