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Mansão de 600 mil euros avaliada como um palheiro

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Idealista

Piscina da casa registada como barraco

Ao cabo de dois anos de investigação, a operação “Prazo Final” levou à detenção de sete pessoas, entre as quais o dono da empresa Wood One, que já foi o “Rolls-Royce dos móveis”, num processo de suspeitas de obtenção e uso indevido de fundos comunitários. Pelo meio, há uma mansão com piscina avaliada como um palheiro de 12 mil euros.

A Wood One, localizada em Paredes, no distrito do Porto, já foi a segunda maior fábrica de mobiliário do país, tendo sido reinaugurada, em 2015, pelo então vice-primeiro-ministro Paulo Portas, depois de ter sido salva da falência, com apoios públicos e comunitários. Uma inauguração pomposa de uma fábrica que se apresentava como inovadora e a primeira do mundo a funcionar 100% a energia solar.

Considerada o “Rolls-Royce dos móveis”, a Wood One recebeu 3,1 milhões de euros de fundos comunitários, através do programa “Portugal 2020”. Mas passados apenas dois anos da inauguração, faliu, deixando dívidas superiores a 10 milhões de euros.

O dono da empresa, Manuel Luís Martins, um dos detidos na operação “Prazo Final”, também pediu a insolvência pessoal em 2018, um ano depois de ter vendido a Wood One por apenas um euro. Desta forma, “limpava” as dívidas pessoais e poderia depois recuperar o património que estaria em nome de testas-de-ferro, como suspeita a Polícia Judiciária (PJ).

Terá sido nestas circunstâncias que surgiu a denúncia anónima que despoletou a investigação.

A PJ suspeita que a Wood One foi sempre uma empresa de fachada que visou apenas angariar fundos comunitários para uso pessoal dos suspeitos.

Manuel Luís Martins terá usado parte dos subsídios alegadamente obtidos indevidamente, através de um esquema de facturação falsa, para construir uma moradia de luxo em Paços de Ferreira.

A mansão com piscina, campo de ténis e mais de 250 metros quadrados de área terá sido avaliada e vendida por apenas 12 mil euros, por estar registada nas Finanças como palheiro, conforme adiantam o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias.

A moradia está, actualmente, à venda em várias imobiliárias por 600 mil euros.

O antigo dono da Wood One terá adquirido o terreno com um palheiro em Raimonda, Paços de Ferreira, por uma bagatela. Depois de usar alegadamente os fundos comunitários para o transformar numa mansão, terá vendido o imóvel, há cerca de um ano, a uma empresa que a PJ suspeita ser detida por testas-de-ferro do empresário.

Apesar de já ser então uma mansão, ainda estava registada nas Finanças como um mero palheiro e foi vendida por apenas 12 mil euros. A empresa que comprou a mansão também é dona do apartamento onde Manuel Luís Martins vive actualmente, segundo o JN.

Estes dados levam a PJ a suspeitar que o casal desta empresa, que está entre os detidos do processo, seja testa-de-ferro do empresário.

A mulher do casal é jurista na Câmara de Paredes e terá estado colocada na repartição de Finanças de Paços de Ferreira, em regime de mobilidade, como avança o JN. Terá sido devido à sua intervenção que a moradia nunca foi fiscalizada pelas Finanças, permanecendo registada como palheiro apesar de já não o ser.

Após os processos de falência da Wood One e de Manuel Luís Martins, há vários prejudicados, com valores relevantes a receber. Em causa estão, nomeadamente, dívidas de 3 milhões de euros à Caixa Geral de Depósito, de 10 milhões a vários credores, entre os quais o Estado, de meio milhão de euros ao Fisco e de mais meio milhão aos trabalhadores da empresa de mobiliário, conforme apurou o CM.

Os suspeitos são ouvidos nesta sexta-feira em tribunal, estando em causa crimes de branqueamento de capitais, de fraude fiscal, de fraude na obtenção de subsídio e de insolvência dolosa.

SV, ZAP //

7 Comments

  1. Tomara que fosse so em Portugal, pelo menos tínhamos para onde fugir.
    Mas infelizmente há muito disto e bem pior por esse mundo fora.

  2. Mansão de 600 Mil Euros? onde no Uganda? é que para os lados de Portugal, no Porto por exemplo ou em Aveiro, por 400 Mil Euros já se compra um T3 com dificuldade, claro que não estou a falar num andar na Foz, ou na Boavista e muito menos no Parque das Nações, aí já falamos num mínimo de 1 milhão ou dois, dependendo da tipologia, agora Mansão… de certeza que não é mesmo um palheiro e uma poça de água?

  3. Voltamos ao mesmo…QUEM foi idiota que aprovou o crédito?
    Ou será que levou 10% do crédito….conheço um que até a mulher deu ao gestor bancário.

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