Cortesia / UMinho

Estudo da Universidade do Minho avaliou 15 troços dos rios Ave, Selho e Vizela. Há uma presença preocupante de microplásticos.
Poluem constantemente, contaminam águas, estragam o solo: os microplásticos causam uma série de problemas ambientais, ecológicos e até potenciais riscos à saúde humana.
No âmbito do Dia Mundial do Ambiente, assinalado nesta quinta-feira (5 de Junho) e desta vez dedicado ao combate ao plástico, a Organização das Nações Unidas lembra que cerca de 11 milhões de toneladas de plástico entram anualmente nos ecossistemas aquáticos. E o cenário poderá ser pior: pode aumentar 50% até 2040.
Em Portugal, o problema também se verifica e um estudo recente revela a presença preocupante de microplásticos em organismos de rios do Norte de Portugal, mesmo em zonas ecologicamente preservadas.
Os três rios em causa são Ave, Selho e Vizela. São considerados saudáveis. 15 troços foram avaliados em 2023, neste estudo que incidiu no Norte de Portugal e que se insere no mapeamento em curso pela Europa.
A análise, liderada pelo Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da UMinho, verificou sobretudo a presença de larvas de mosquito (Chironomidae) e vermes (Oligochaeta) nos sedimentos e que são fulcrais na cadeia alimentar fluvial.
“Detetámos microplásticos em todos os organismos das amostras, independentemente da qualidade ecológica do rio”, afirma o primeiro autor do estudo, Giorgio Pace.
“Este resultado sugere que a presença de microplásticos não está exclusivamente associada à ocupação urbana do solo, pode também resultar de atividades agrícolas, industriais e domésticas, além de falhas na gestão de resíduos”, acrescenta.
É mais uma evidência que mostra que nem os ecossistemas mais preservados escapam à poluição invisível – os microplásticos começam a atingir cursos de água com diversidade biológica, níveis adequados de oxigénio, sem poluentes tóxicos em excesso e capazes de se autorregular.
Além do impacto físico, os microplásticos são veículos de poluentes perigosos, como metais pesados, que podem acumular-se nos organismos e propagar-se na cadeia alimentar.
Os investigadores recomendam uma abordagem integrada que combine ações preventivas (redução de plásticos descartáveis e a regulação de produtos que libertam microplásticos, entre outras) com medidas corretivas (barreiras físicas e melhorias no tratamento de efluentes).
Também se deve apostar na melhoria da gestão de resíduos sólidos e no controlo de efluentes urbanos e industriais, acrescenta a equipa, em comunicado enviado ao ZAP.