O presidente do PSD não excluiu hoje que, num eventual Governo de centro-direita, a pasta da Defesa possa ser atribuída ao CDS-PP, como defendeu Francisco Rodrigues dos Santos.
No final de uma ação de rua em Bragança, Rui Rio voltou a ser questionado sobre a sua ausência do debate das rádios, depois de ter sido acusado pelo líder do PS, António Costa, de “desertar” o debate nas rádios.
“Há uma diferença entre o que dr. António Costa está a fazer e o que eu estou a fazer: eu não tenho sequer tempo para dedicar um dia a cada distrito, dedico meio dia a cada um, e um a Lisboa e Porto. O dr. António Costa passa pelos distritos e diz duas ou três coisas só para dizer que esteve, por isso não tem qualquer problema em ir ao debate”, afirmou.
Rio voltou a justificar que se fosse ao debate, que decorreu entre as 09:00 e as 11:00 em Lisboa, “não punha os pés” em Bragança e Vila Real.
“São opções, as pessoas julgarão”, afirmou.
Questionado sobre o desejo do líder do CDS-PP, hoje reafirmado no debate, de que o partido pudesse voltar a ter a pasta da Defesa, Rio não excluiu essa hipótese. “É uma questão de se ver, não seria a primeira vez que o CDS tinha o Ministério da Defesa, como sabemos”, afirmou.
“Eu já disse claramente que, ganhando as eleições sem maioria absoluta, começaria preferencialmente a negociar com o CDS, como é tradicional na história dos dois partidos, e também com a Iniciativa Liberal, que pode vir a ter uma representação parlamentar mais significativa do que tem hoje”, acrescentou.
Já quando questionado sobre se daria uma pasta ao Chega, Rio não respondeu, preferindo voltar a falar dos outros parceiros à direita: “Quanto ao CDS e à IL, se assim tiver de ser, faz parte de uma negociação.”
Rio respondeu também aos comentários de António Costa sobre o papel do Presidente como garante de que não há abusos caso haja uma maioria absoluta, considerando que o líder do PS “não está a medir bem o que está a dizer”.
“Ele está a dizer que este Presidente da República será eficaz e os outros não foram. Acho que isto é uma contradição, mas também é um não-assunto, porque haver maioria absoluta é de probabilidade baixíssima para qualquer um dos partidos, mas é uma probabilidade igual para PS e para PSD”, comentou Rio.
Precisamente devido a esta baixa probabilidade de haver um executivo com maioria é que o presidente do PSD está preocupado com a aprovação do próximo Orçamento do Estado e também com o “bloqueio” para todas as outras mudanças que considera necessárias, como uma revisão à Constituição.
“Se queremos ter mais ambição, temos de ter uma atitude reformista perante os problemas”, porque “o país precisa de reformas profundas”, aponta, lembrando que “passaram-se quase 50 anos desde o 25 de Abril”, mas que os “muitos interesses individuais, corporativos e sectoriais” vão impedir a reforma constitucional.
“É preciso ter coragem para enfrentar esses interesses instalados, mas, se lhes for perguntar, todos defendem reformas nos outros sectores, mas ninguém quer reformas no seu sector”, concluiu Rui Rio.
ZAP // Lusa