A comunidade científica pode ficar perto de desvendar o segredo dos ritos de enterro dos Neandertais com esta nova descoberta. Foram encontrados restos mortais de um Neandertal.
Investigadores descobriram ossadas do corpo de um Neandertal adulto num famoso sítio arqueológico situado no Curdistão iraquiano. Os especialistas descrevem esta como uma descoberta “incrivelmente emocionante”, já que pode ajudar a desvendar o mistério dos ritos de morte dos Neandertais.
Este foi o primeiro esqueleto em mais de 25 anos a ser encontrado com os ossos colocados numa posição anatomicamente correta. A descoberta foi documentada num estudo publicado esta terça-feira na revista científica Antiquity.
Os restos foram encontrados na Caverna de Shanidar, onde em 1950, o arqueólogo Ralph Solecki já tinha encontrado restos mortais de dez homens, mulheres e crianças Neandertais. Solecki sugeriu que estes humanos tinham sido enterrados e teriam sido feitos ritos de morte com flores, já que encontrou grão de pólen ao lado deles.
Desde então, o debate na comunidade científica tem sido intenso para tentar perceber se realmente os Neandertais, que eram considerados humanos pouco avançados, faziam ritos de morte.
“As descobertas que Ralph Solecki fez entre 1951 e 1960 na Caverna de Shanidar desempenharam um papel central no aprimoramento da nossa compreensão das características e comportamento físicos dos Neandertais, desde cuidados com os doentes e feridos até o enterro dos mortos, argumentou Solecki, com flores colocadas no túmulo”, disse a coautora, Emma Pomeroy, à Newsweek.
“Não havia escavações no local desde 1960, e desenvolvimentos em métodos arqueológicos e abordagens científicas significavam que havia um potencial significativo para obter informações mais detalhadas sobre há quanto tempo o local foi usado pelos Neandertais e humanos modernos, quantos anos têm os restos, como era o clima e o ambiente quando os neandertais e os humanos modernos usaram o local no passado, e as semelhanças e diferenças entre as ferramentas e o comportamento humano moderno e dos Neandertais “, acrescentou Pomeroy.
A descoberta foi batizada de ‘Shanidar Z’ pelos investigadores das universidades de Cambridge, Birkbeck e Liverpool John Moores. Sem que o sexo dos Neandertais seja claro, os investigadores estimam que os restos mortais tenham cerca de 70 mil anos.
“É uma oportunidade extremamente valiosa para entender e investigar o esqueleto em si e o seu contexto com toda a gama de técnicas arqueológicas e científicas modernas”, salientou a investigadora.
Os arqueólogos encontraram ainda uma rocha notável ao lado da cabeça do Neandertal, que dizem poder ter sido usada como algum tipo de indicador do enterro.
“O enterro dos mortos há muito é considerado uma marca do comportamento humano moderno, sugerindo compaixão pelos membros do grupo, cuidado e luto pelos mortos, e até talvez espiritualidade e ideias sobre o que acontece após a morte, embora seja claro que é muito difícil saber a natureza exata de tais ideias que estes humanos poderiam ter”, disse Pomeroy.