Cientistas chineses fizeram uma descoberta inovadora, colocando um ponto final num mistério de longa data escondido nas profundezas do núcleo da Terra.
A equipa de investigação afirma ter decifrado uma oscilação rítmica no núcleo interno, revelando um padrão que se repete a cada 8,5 anos, desafiando os pressupostos anteriores e fornecendo informações importantes sobre a estrutura da Terra, o campo magnético e as atividades sísmicas.
Esta descoberta contradiz os pressupostos anteriores sobre a relação entre as camadas da Terra e o seu impacto em fenómenos como as mudanças na duração do dia. Os resultados foram publicados em dezembro na conceituada revista científica Nature Communications.
Compreender a dinâmica do núcleo interno, composto por ferro e níquel e suspenso no núcleo externo, é um desafio. Tradicionalmente, os cientistas têm-se baseado em ondas sísmicas geradas por terramotos ou testes nucleares para obter informações sobre o comportamento do núcleo interno.
A recém-descoberta oscilação rítmica, no entanto, fornece uma compreensão mais matizada dos movimentos do núcleo da Terra, escreve a revista VICE.
O estudo sugere que o núcleo interno está inclinado cerca de 17 graus em relação ao manto ou à crosta terrestre. Isto desafia a convenção de uma inclinação mais significativa, alinhando a rotação do núcleo com a do manto. Para além disso, as descobertas implicam que o núcleo não é uma esfera perfeita, mas antes exibe uma estrutura em forma de ovo, com maior densidade na parte noroeste.
“Estes desvios oferecem restrições valiosas para o modelo de densidade 3D do manto e questionam os pressupostos do núcleo líquido oblato, realçando potenciais desvios de uma forma perfeitamente esférica calculada usando as teorias tradicionais”, explicou o líder da investigação, Hao Ding.
A inclinação e a oscilação observadas têm implicações mais vastas, influenciando a rotação da Terra, a duração do dia e o campo magnético. A oscilação rítmica, tal como identificada pelos investigadores, contribui para anomalias na rotação da Terra e pode fornecer informações sobre a alteração do campo magnético.
Ding sugere que a inclinação estática pode alterar a forma do núcleo líquido, afetando o movimento do fluido e, consequentemente, influenciando o campo geomagnético.
“Não sei se há muitas coisas nas ciências da Terra que estejam tão por resolver como o movimento do núcleo interno”, observou John Vidale, sismólogo da Universidade do Sul da Califórnia, citado pela VICE.