Resolvido o mistério dos ataques de orcas a barcos por todo o mundo

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Desde 2019, as orcas têm causado grandes problemas a navegadores de todo o mundo, especialmente na Península Ibérica.

Grupos de orcas têm vindo a embater nos lemes de embarcações, havendo mais de mais de 600 incidentes registados — que provocaram o afundamento de vários navios de recreio.

Agora, os biólogos marinhos acreditam ter descoberto a razão que explica este comportamento.

Inicialmente, os cientistas sugeriram que teria sido uma orca traumatizada, possivelmente devido a uma colisão ou aprisionamento devido à pesca ilegal, a dar início a este comportamento agressivo — que teria sido imitado pelo resto da população.

Mas, de acordo com um relatório divulgado na sexta-feira, as ações aparentemente agressivas das orcas podem, na realidade, ser resultado de… tédio.

O relatório sugere que os lemes dos barcos se tornaram os principais brinquedos destes animais inteligentes em águas abertas.

A tendência para atacar os lemes dos barcos parece ter começado por volta de 2019. Este momento coincide com um aumento significativo da população da principal fonte de alimento das orcas, o atum rabilho. Com a abundância de alimento, as baleias passaram a ter mais tempo livre.

Embora a causa exata do comportamento ainda não tenha sido determinada de forma conclusiva, os biólogos marinhos colocam a hipótese de ter começado quando uma baleia juvenil experimentou o leme de um barco, transformando-o num jogo.

“Talvez tenha tocado num leme e tenha achado que era algo divertido para brincar. E, depois de brincar, começou a propagar o comportamento entre o grupo até se tornar tão generalizado como é agora”, equacionou Alex Zerbini, presidente da comité científico da Comissão Baleeira Internacional, ao The Washington Post.

As orcas têm um historial de criar tendências, como usar salmões mortos como chapéus e jogar ao jogo da galinha. A tendência atual de ataques a embarcações é, em grande parte, impulsionada por um grupo de 15 orcas jovens, com idades entre os 5 e os 18 anos.

Estas orcas aproximam-se lentamente dos navios e encostam os seus narizes aos lemes. Embora as fêmeas adultas estejam frequentemente presentes durante estes ataques, parecem estar a supervisionar e não a participar.

A localização principal destes ataques tem sido ao largo das costas de Portugal, Espanha e Marrocos. A abundância de alimento nestas áreas, particularmente o ressurgimento do atum rabilho, deixou as baleias com muito tempo livre.

Em 2019, as orcas enfrentaram escassez de alimentos e passaram a maior parte do tempo a caçar. No entanto, com a recuperação da população de atum rabilho, passaram a ter mais tempo, explica o Daily Mail.

“O mar é um lugar muito aborrecido para um animal. Imaginemos que somos um cão ou outro mamífero, podemos interagir com os objetos à nossa volta. Mas no mar, não há muito com que as orcas possam interagir, por isso brincam com os lemes”, apontou Renaud de Stephanis, presidente da CIRCE, organização que estuda cetáceos.

O relatório também salienta que as orcas brincam frequentemente com outros objetos ou animais, o que por vezes conduz a resultados mortais. Por exemplo, na população de orcas residentes do sul de Washington, sabe-se que as orcas brincam com botos ao ponto de os matar.

Os biólogos marinhos recomendam tornar os lemes menos atrativos, substituindo as suas superfícies lisas por materiais irregulares ou abrasivos ou utilizando dispositivos que produzam ruídos fortes para dissuadir as baleias.

O relatório também sugere que se evitem os pontos de concentração de orcas para reduzir o risco de ataques. No entanto, como as orcas estão em constante migração, a previsão da sua localização nem sempre é fiável.

ZAP //

4 Comments

  1. Felizmente que, no tempo dos nossos navegadores ,elas ainda não sofriam de tédio senão lá teria o homem do leme que enfrentar mais um monstro!!!

  2. Eu sei que as orcas não são monstros! Apenas quis compará-las com os monstros que os nossos navegadores avistavam e que, afinal, também não eram monstros! A comparação não resultou.

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