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“Resoluções de ano novo” têm milhares de anos. Quem não as cumpria enfrentava a ira de Deus

gigi_nyc / flickr

Tomar novas decisões ou estabelecer objetivos para o ano seguinte é uma prática com cerca de 4 mil anos. Na antiga Mesopotâmia já se celebrava a entrada num novo ano. Os romanos festejavam com limpezas.

“O desejo de começar de novo é um impulso humano”, diz Candida Moss, professora da Universidade de Birmingham, especializada em história antiga e no cristianismo primitivo, à National Geographic.

Não é, portanto, de estranhar que exista “muita documentação escrita sobre as festas de Ano Novo na antiga Babilónia, na Síria e noutros locais da Mesopotâmia, relacionadas com a noção do início do novo ano”, como garante o professor de línguas e civilizações orientais Eckart Frahm.

Muitas destas festividades coincidam, na altura do Império Romano, com o equinócio da primavera, pelo que os romanos costumavam agradecer aos deuses por uma colheita abundante. No entanto, a mudança começava neles próprios.

De acordo com os historiadores, os romanos iniciavam o novo ano com “limpezas sobrenaturais de primavera” e votos de renovação. “Estas tradições centravam-se em começar o ano com o pé direito: limpar a casa, abastecer a despensa, pagar dívidas e devolver objetos emprestados“, explica Moss.

Os votos que se faziam aos deuses, um pouco como as promessas modernas, eram para cumprir. Acreditava-se que cumpri-los assegurava o favor divino para o ano seguinte, enquanto que quebrá-los arriscava a ira dos deuses.

Mais tarde, na América colonial, “havia o desejo de evitar a devassidão e refletir sobre os anos que passavam e os que se seguiam. Este período marcou o aparecimento das resoluções num sentido moderno“.

Alexis McCrossen, professor de história na Universidade Metodista do Sul, diz que, durante este período, era comum as igrejas terem um “sermão de sábado”, que tinha lugar no primeiro domingo do ano. Esses sermões enfatizavam frequentemente que o tempo é passageiro e que os congregantes deveriam ser melhores servos de Deus.

No século XIX, as resoluções de Ano Novo tinham transcendido as suas origens cristãs. Agora, são também comuns entre ateus.

Mas apenas três em cada 10 americanos afirmam ter feito resoluções de ano novo em 2024. Os outros consideram que não resultam. Seja como for, a prática é já uma tradição enraizada. O melhor é praticá-la, se tiver medo da raiva dos deuses.

ZAP //

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