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Cientistas reprogramaram células da pele para tratar cobaias que sofreram um AVC (e funcionou)

A reprogramação celular – em que um determinado tipo de célula é “reprogramado” para cumprir o papel de outro – é uma área de pesquisa médica que tem vindo a crescer nos últimos anos.

Recentemente, uma equipa de cientistas da Ohio State University (OSU), nos Estados Unidos, utilizou esta tecnologia para reparar tecidos danificados em cobaias que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC). No futuro, os especialistas esperam aplicar esta técnica em seres humanos, de forma a ajudá-los a restaurar a fala e a função motora.

O AVC resulta da lesão das células cerebrais, que morrem ou deixam de funcionar pela ausência de oxigénio e de nutrientes na sequência de um bloqueio do fluxo de sangue (AVC isquémico).

Apesar de existirem tratamentos para separar os coágulos que se formam e bloqueiam as artérias, estes precisam de ser administrados em algumas horas para serem eficazes e evitar danos duradouros no tecido cerebral – como danificação da fala ou da função motora, explica o New Atlas.

Usando células da pele como ponto de partida, os cientistas da OSU testaram uma técnica, chamada nanotransfecção de tecido, segundo a qual o material genético é introduzido nas células e “retreina-as” para se tornarem células vasculares.

“Podemos reescrever o código genético das células da pele para que se tornem células dos vasos sanguíneos”, disse Daniel Gallego-Perez, líder da equipa, em comunicado.

“Quando são implantadas no cérebro, as células são capazes de desenvolver um tecido vascular novo e saudável para restaurar o fornecimento de sangue e ajudar na reparação do tecido cerebral danificado.”

A equipa injetou células “retreinadas” no cérebro de cobaias que sofreram um AVC e descobriu que promoveram o fornecimento de sangue saudável, além de terem ajudado a reparar o tecido danificado. Os ratos de laboratório que receberam o tratamento recuperaram 90% da função motora.

A ressonância magnética revelou que as áreas do cérebro danificadas foram reparadas no espaço de algumas semanas. O artigo científico foi publicado no dia 19 de março na Science Advances.

Apesar de a técnica estar longe de ser aplicada em humanos, os investigadores vão aproveitar os resultados promissores para realizar mais investigações. Além de poder ser útil no tratamento dos efeitos persistentes do derrame isquémico, a técnica poderá ser usada para tratar outras doenças cerebrais, como Alzheimer e doenças auto-imunes.

Liliana Malainho, ZAP //

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