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Representante da UE convocado por Londres para explicar acusações sobre vacinas

O Governo britânico convocou hoje um representante da delegação da União Europeia em Londres para pedir explicações sobre as afirmações da UE de que o Reino Unido está a bloquear componentes e vacinas contra a covid-19.

“Esta manhã, um alto representante da delegação da UE no Reino Unido foi convocado para uma reunião com o subsecretário permanente do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Desenvolvimento para discutir a questão das afirmações incorretas em comunicações recentes da UE”, disse um porta-voz do Governo.

Terá sido a embaixadora adjunta da UE em Londres, Nicola Mannion, a deslocar-se, em vez do embaixador, o português, João Vale de Almeida, adiantou a AFP.

Em causa está um texto divulgado na terça-feira pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que tenta justificar o sistema europeu para controlo de exportação de vacinas produzidas alegando que o “Reino Unido e os Estados Unidos impuseram uma proibição total à exportação de vacinas ou componentes de vacinas produzidas no seu território”.

Sem recuar, Michel clarificou mais tarde, durante a noite, através da rede social Twitter que existem “diferentes formas de impor proibições ou restrições a vacinas / medicamentos” e manifestou esperança de que “a reação do Reino Unido resulte em mais transparência e aumento das exportações para a UE e países terceiros”.

Segundo um responsável europeu, Bruxelas está também a preparar uma resposta a uma carta de protesto do ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, lembrando que a UE exporta 30% das suas vacinas, enquanto os britânicos “não dão dados”.

Este novo incidente ocorre pouco mais de um mês após um deslize diplomático por parte da UE: Bruxelas ameaçou usar uma cláusula de emergência do acordo do Brexit na Irlanda do Norte após uma disputa com Londres sobre a questão do fornecimento de vacinas da AstraZeneca. Perante os protestos, a UE recuou rapidamente.

Londres e Bruxelas entraram em confronto em fevereiro após a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca ter admitido que só poderia entregar no primeiro trimestre apenas um terço das doses prometidas aos 27.

A UE respondeu com a introdução de um mecanismo de controlo das exportações apenas para vacinas prontas para uso, acionado pela Itália na semana passada, ao bloquear 250.000 doses da vacina da AstraZeneca com destino à Austrália.

Vários políticos europeus têm-se mostrado frustração por a campanha de vacinação contra a covid-19 no Reino Unido estar mais avançada, pois o país já imunizou 35% dos adultos, enquanto a UE só vacinou 9,5%.

Este novo desentendimento vem agravar o relacionamento tenso já existente na sequência da saída do Reino Unido da UE, que resultou em maiores entraves à circulação de mercadorias apesar de ter sido concluído um acordo de comércio.

A UE está a pensar avançar com uma ação jurídica contra o Reino Unido porque tomou medidas unilaterais relativamente à Irlanda do Norte, virando o Acordo de Saída, e o Reino Unido continua sem conceder ao embaixador da UE no país o estatuto de diplomata normalmente concedidos a representantes de países.

// Lusa

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