Centenas de refugiados de um campo improvisado em Vucjak, na Bósnia, estão em greve de fome pelo segundo dia consecutivo para protestar contra a situação degradante em que se encontram.
Os refugiados no campo improvisado em Vucjak, na Bósnia, encontram-se sem água, eletricidade e a sofrer com uma vaga de frio e neve. Os veículos da Cruz Vermelha da cidade vizinha de Bihac, que geralmente trazem comida, retornam sem que os migrantes concordem em receber a sua porção diária naquele campo improvisado, construído sobre um aterro sanitário e cercado por campos minados da guerra na Bósnia (1992-1995).
“A greve dura desde ontem (terça-feira), não recebem comida e água. A situação continua igualmente difícil, como nos dias anteriores”, disse Selfe Midzic, um dos responsáveis da Cruz Vermelha em Bihac, que ajuda os refugiados/migrantes em Vucjak. Na terça-feira, segundo Midzic, “houve alguns anúncios de que o campo estaria fechado, mas tudo está como antes. Neste momento não há indicação de que este seja o caso”.
Representantes do Conselho da Europa pediram, na terça-feira, a evacuação urgente do campo de Vucjak e alertaram que, se nenhuma ação for tomada, pode haver mortes devido ao frio intenso e ao mau tempo.
No campo, numerosas tendas foram derrubadas pelo peso da neve, que agora derreteu e transformou o local num lamaçal. A água e a humidade também pioraram a situação higiénica do local, enquanto os refugiados tentam se aquecer com pequenas fogueiras.
Alguns imigrantes pisam no lamaçal com chinelos, pois não têm roupas ou calçados adequados, e as temperaturas estão abaixo de zero atualmente. No campo, agora existem cerca de 600 pessoas a esperar uma ocasião para tentar atravessar a fronteira vizinha da Croácia, com a intenção de chegar a algum país rico da União Europeia.
A ONU repetidamente chamou o campo de “absolutamente inapropriado” e “desumano” e alertou para um agravamento da crise humanitária. O campo de Vucjak foi criado na primavera passada, diante dos protestos dos cidadãos de Bihac pela presença de migrantes do Afeganistão, Paquistão, Síria, Iraque e outras regiões nas ruas e parques. A UE também pediu o encerrado e a evacuação de Vucjak.
As autoridades do cantão de Una-Sana, as mais afetadas pela crise migratória na Bósnia-Herzegovina, exigiram desde outubro ao Governo central da Bósnia a realocação urgente de refugiados de Vucjak, sem obter resposta até ao momento.
Desde o ano passado, cerca de 50.000 imigrantes chegaram à Bósnia-Herzegovina, e a grande maioria passou pelo cantão de Una-Sana, onde agora, segundo dados policiais, existem cerca de 5.000 refugiados. Cerca de 15.000 migrantes passaram por Vucjak desde que o campo foi criado temporariamente para aliviar a pressão sobre os outros abrigos.
As várias autoridades locais rejeitam o fechamento de Vucjak até que o Governo central ofereça capacidade de acomodação em outras regiões do país para realocar migrantes.
ZAP // Lusa