Os reformados são (de novo) o foco da campanha – e merecem mais do que “blá blá blá”

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Um momento de uma arruada da AD originou as reações. Eleitores com mais de 65 anos não são um pormenor em Portugal.

A campanha da AD nesta quarta-feira ficou marcada por queixas no Mercado do Livramento, em Setúbal – sobretudo de reformados.

Logo à entrada do mercado, Luís Montenegro encontrou uma idosa: “Eu fui funcionária pública, trabalhei 52 anos e a minha reforma são 680 euros, acha bem?!”, questionou, com o primeiro-ministro a responder que só vendo o caso concreto.

Mais à frente, outra reformada e um antigo combatente repetiram as mesmas queixas: “A minha reforma é de 350 euros, queria ver o senhor primeiro-ministro” – Luís Montenegro aconselhou a concorrer ao complemento solidário para idosos.

Isto depois de, no início da campanha, Montenegro ter dito: “Prometi que nos íamos reconciliar com os pensionistas e reformados. Estamos não só reconciliados, como estamos num processo de valorização ainda maior daqueles que estão hoje a gozar o seu merecido tempo de reforma”.

Pedro Nuno Santos – que questiona “de que sucesso” fala Luís Montenegro” – disse que o seu adversário tem um “desconhecimento sobre a realidade dos pensionistas“.

O líder do PS destacou o caso de outra idosa, que se queixou da falta de comparticipação nos medicamentos por parte do Governo: “Até ao momento, acho que o Luís Montenegro não percebeu o que a senhora lhe disse. Porque o Luís Montenegro, se calhar, está mesmo convencido de que garantiu a comparticipação a 100% dos medicamentos para todos os pensionistas”.

Pedro Nuno acrescentou: “Caro Luís Montenegro, a maioria esmagadora dos pensionistas, mesmo aqueles que têm pensões baixas, não têm comparticipação nos medicamentos”.

Quem também reagiu a este momento da campanha da AD foi Paulo Raimundo: “Mais cedo ou mais tarde, a realidade impõe-se. E, para quem tenha dúvidas, por maior que seja a propaganda, por maiores que sejam as proclamações, por maiores que sejam os vendilhões das ilusões, a realidade impõe-se sempre”, afirmou o secretário-geral do PCP.

Raimundo disse que o primeiro-ministro foi “confrontado com um banho de realidade”, quando teve de ouvir as queixas dos reformados: “Luís Montenegro mordeu o fel. Luís Montenegro teve que enfrentar a realidade tal e qual como ela é. Foi contactar o povo e o povo respondeu-lhe com a dura realidade do aperto, das dificuldades, porque é essa, infelizmente, a realidade do nosso povo”.

Durante a sua intervenção, Paulo Raimundo recordou que já tinha avisado que os medicamentos não são gratuitos para todos os reformados e que nem todos tiveram direito ao complemento solidário para idosos, vincando que a CDU não fala “de cor sobre os problemas” e sobre as dificuldades.

“Os reformados, hoje, confrontaram Luís Montenegro com esta realidade. Como é que Luís Montenegro respondeu? Blá, blá, blá, blá, blá, blá“, disse.

Não são um pormenor

Em poucos dias, esta já é a segunda vez que os reformados ganham destaque na campanha eleitoral.

Logo nas primeiras horas desta campanha, rumo às legislativas de 18 de Maio, os mais velhos tinham sido “acariciados” por diversos candidatos.

E não são um detalhe no “bolo” dos eleitores: segundo os números mais recentes da Pordata, há pouco mais de 2.5 milhões de residentes em Portugal com mais de 65 anos.

Tendo em conta que, nas eleições europeias do ano passado (as mais recentes a nível nacional), havia quase 9.3 milhões de eleitores, significa que as pessoas com mais de 65 anos representam cerca de 27% do total de eleitores.

Sendo que, como se sabe, os mais velhos são mais “certinhos” a irem votar. Votam mais do que os mais jovens.

E, desses 2.5 milhões de pessoas com mais de 65 anos, a grande maioria (1.8 milhões) tem menos de 80 anos. Presume-se que, por questões de saúde, de mobilidade, votem mais facilmente.

Ou seja, os candidatos a primeiro-ministro não estão à procura de “migalhas” quando se mostram ao lado dos pensionistas.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa

7 Comments

  1. PNS está esquecido, ou faz de conta que está, que os reformados e pensionistas foram prejudicados nas suas reformas pelo governo de PC, quando esteve cá a TROICA, por causa do governo socialista de Sócrates que levou o País à bancarrota e teve que ser governo PSD a juntar os “cacos”.

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  2. Como é que pode haver pensões justas se os salários são baixos?
    Que reformas vão ter os trabalhadores com 60 anos que hoje recebem o SMN?
    Aumenta o SMN e os outros?
    Um dia destes todos ganham o SMN isto está correto?
    Era isso que deviam ganhar os politicos; assim era trabalhar por amor ao país e não ao bolso.

  3. Como é que pode haver pensões justas se os salários são baixos?
    Que reformas vão ter os trabalhadores com 60 anos que hoje recebem o SMN?
    Aumenta o SMN e os outros?
    Um dia destes todos ganham o SMN isto está correto?
    Era isso que deviam ganhar os politicos; assim era trabalhar por amor ao país e não ao bolso!

  4. É por isso que vou votar Chega, porque vai ser o Chega quem vai aumentar as reformas para os idosos. No panfleto de campanha do Chega, diz que a pensão mais baixa passa a ser igual ao salário mínimo.

  5. Pedro Nuno Santos é, cada vez mais, a imagem do vazio. A sua campanha resume-se a ataques ao adversário que, segundo todas as sondagens, lidera confortavelmente. Não há uma ideia, uma proposta, um fio condutor. Só reações. Só zanga. Só ruído. Não há discurso político, muito menos eleitoral. É um candidato em modo espasmódico, a reagir a tudo e a propor nada. A sua expressão já não esconde o desespero — é a cara da derrota. Todos os dias tropeça nas próprias palavras, tentando provocar impacto onde devia haver conteúdo. O incompetente nega a competência dos outros. E isso é, no fundo, o retrato do seu projeto: um poço de ressentimento, sem visão nem esperança.

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