Sara Watson

Arqueólogos acabam de descobrir um padrão entre as técnicas de produção de ferramenta. Os Homo Sapiens já partilhavam conhecimentos entre comunidades? Os nossos antepassados não eram tão isolados como pensávamos.
Uma equipa de arqueólogos analisou um conjunto de ferramentas encontradas nas grutas de Robberg, na África do Sul, que remontam à Idade do Gelo, há cerca de 20.000 anos. O que encontraram deixou-os intrigados.
Ao estudar os pormenores finos ao longo das arestas lascadas das lâminas e das pedras, os arqueólogos perceberam que estas ferramentas foram na verdade construídas com as mesmas técnicas que ferramentas semelhantes encontradas noutros países africanos, como a Namíbia e o Lesoto.
“Trata-se de uma visão importante sobre a forma como as pessoas que viviam nesta região viviam, caçavam e reagiam ao seu ambiente”, explica à SciTechDaily a arqueóloga Sara Watson.
“Em vez de estarem mesmo junto à água, como acontece atualmente, estas grutas teriam estado perto de vastas planícies abertas com animais de caça de grande porte, como o antílope”, diz Watson. “As pessoas caçavam esses animais e, para isso, desenvolveram novas ferramentas e armas.”
“Em muitas destas tecnologias, a redução do núcleo da ferramenta é muito específica e é algo que lhe é ensinado e aprendido, e é aí que está a informação social”,explica a investigadora. “Se virmos métodos específicos de redução de núcleos em vários locais da paisagem, como arqueólogo, isso diz-me que estas pessoas partilhavam ideias umas com as outras.”
O estudo publicado este mês no Journal of Paleolithic Archaeology mostra que existia portanto uma partilha de conhecimento entre os humanos antigos.
“O mesmo padrão de redução do núcleo, o mesmo produto pretendido”, diz Watson. “O padrão é repetido vezes sem conta, o que indica que é intencional e partilhado, e não apenas uma semelhança casual.”
“Temos uma história muito longa e rica enquanto espécie, e os humanos remontam a um passado muito mais longínquo do que a maioria das pessoas imagina”, conclui. “As pessoas que viviam na última idade do gelo eram muito semelhantes às pessoas de hoje”.