Um novo método desenvolvido por cientistas da Universidade de Cambridge permite produzir cimento isento de carbono.
A produção de betão e aço é um dos principais contribuintes para as emissões globais de CO2, mas um método inovador da Universidade de Cambridge poderá transformar este cenário.
Ao reciclar ambos os materiais em simultâneo, o novo processo purifica o ferro e produz “cimento reativado”. Utilizando energia renovável, este método poderá conduzir a um cimento completamente isento de carbono.
O betão, composto essencialmente por cimento, água e aditivos, é o material de construção mais utilizado no mundo, e o seu processo de produção é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO2.
Tradicionalmente, a reciclagem do betão numa forma reutilizável para novas estruturas tem sido um desafio.
No entanto, um novo estudo publicado na Nature relata o desenvolvimento de uma técnica para converter resíduos de betão em clínquer, um componente seco crucial do cimento, explica a New Atlas.
“Se fosse possível esmagar o betão velho, removendo a areia e as pedras, o aquecimento do cimento removeria a água e transformaria o clínquer. Um banho de metal líquido e um forno de arco elétrico, utilizado para reciclar o aço, pareciam ser uma forte possibilidade. Tínhamos de tentar, explica Cyrille Dunant, autor principal do estudo.
Um forno de arco elétrico requer um material “fundente”, normalmente cal, para purificar o aço, capturando as impurezas. Esta substância fundida borbulha para a superfície e forma uma camada protetora sobre o aço purificado. No método Cambridge, o fluxo de cal é substituído por pasta de cimento reciclado.
O processo não só purifica o aço como também produz novo cimento Portland quando a escória restante é arrefecida rapidamente ao ar. Este novo betão tem um desempenho semelhante ao original.
Crucialmente, esta técnica não aumenta significativamente os custos de produção do betão ou do aço e reduz drasticamente as emissões de CO2. Se for alimentada por energia renovável, poderá obter-se cimento com zero emissões.
O método foi testado com êxito em fornos que produzem algumas dezenas de quilogramas de cimento. Estão a decorrer ensaios à escala industrial, com capacidade para produzir 66 toneladas de cimento em duas horas.
Os investigadores acreditam que o processo pode ser ampliado para produzir mil milhões de toneladas de “cimento elétrico” até 2050.