Actual presidente do Parlamento Europeu reeleita com votação histórica. Reacções dos eurodeputados portugueses são bem distintas.
A primeira reunião em Estrasburgo pós-eleições originou a reeleição que se esperava: Roberta Metsola vai continuar a ser presidente do Parlamento Europeu.
Nesta terça-feira, Metsola conseguiu uma votação inédita: 90% de votos a favor, 562 votos no total de 699 eurodeputados presentes.
Havia outra candidata: Irene Montero. A espanhola, militante do Podemos (Grupo da Esquerda), tinha apresentado a sua candidatura na noite anterior. Conseguiu apenas 61 votos.
Apesar do elevado número de votos, não houve unanimidade à volta de Roberta Metsola. E isso notou-se quando os eurodeputados portugueses falaram.
Marta Temido (eurodeputada eleita pelo PS) confirmou o apoio dos socialistas à presidente: “A partir do momento em que há esse trabalho de aproximação, em que nós conseguimos fazer um caminho em conjunto e em que nos pomos de acordo sobre as instituições europeias, esse acordo é para respeitar e esta eleição mostra isso”, avisando que vem aí um “mandato exigente”. Temido também alertou que “não há cheques em branco”.
Sebastião Bugalho (AD) felicitou Metsola, sobretudo porque os números da votação mostraram o quão “consensual Roberta Metsola conseguiu ser no seu primeiro mandato e o modo como as famílias políticas europeístas, democráticas e defensoras da União Europeia acabam por estar juntas, quando é necessário que assim aconteça”, e pela presidente “representar esta possibilidade de consensos democráticos”.
António Tânger Corrêa (Chega) anunciou voto a favor da presidente do Parlamento Europeu, mas com um pedido em troca: desbloquear a eleição de elementos do seu grupo Patriotas da Europa para cargos europeus: “Achámos que devíamos apoiar Metsola com algumas contrapartidas, e ela sabe disto: esperamos que ela nos ajude a cortar este cordão sanitário que nos querem impor”.
João Cotrim de Figueiredo (IL) viu nesta votação uma “apreciação muito positiva do mandato anterior de Roberta Metsola e corresponde também à nossa, portanto, estamos satisfeitos”.
Mas depois surgiram críticas à esquerda. Catarina Martins (BE), orgulhosa pela candidatura de Irene Montero, disse que está preocupada: “Houve um arco larguíssimo dos Verdes, Sociais-democratas, até à extrema-direita a apoiar Roberta Metsola. Eu acho que este arco tem algum significado político, é um significado político que nos preocupa (…) Aqui há forças de extrema-direita que são herdeiros – uns mais envergonhados, outros mais orgulhosos – dos nazis e dos fascistas. Eu acho que o Roberta Metsola não devia querer ter votos desse tipo de herdeiros”, cita a SIC Notícias.
João Oliveira (CDU) salientou outro aspecto: o que ficou ausente do seu discurso, que foi um “silêncio ensurdecedor” – Metsola nunca falou sobre a Palestina: “É particularmente significativo de que não é com esta eleição que nós conseguiremos encontrar uma perspectiva alternativa ao que tem sido o rumo da União Europeia”.
Hoje em dia, tudo o que se oponha às ideias da esquerda, ou é fascista ou é nazi. Tanto pregaram que acabou por contaminar as ervilhas dos mais distraídos.