Uma equipa de arqueólogos descobriu um tumor raro na pélvis de uma mulher do antigo Egito que morreu há mais de 3.000 anos — e que foi sepultada com o que parece ser um objeto “medico-mágico”.
O tumor, uma massa óssea com dois dentes e com o tamanho aproximado de uma uva grande, é o exemplo mais antigo conhecido de um teratoma, um tipo raro de tumor que ocorre tipicamente nos ovários ou testículos.
A descoberta, apresentada num artigo publicado no International Journal of Paleopathology, foi feita no sítio arqueológico de Amarna, num cemitério do período do Novo Reino do Egipto, antiga dinastia egípcia fundada cerca de 1345 a.C.
Segundo a bioarqueóloga Gretchen Dabbs, investigadora da Southern Illinois University Carbondale e líder da equipa de arqueólogos, a presença de dentes na protuberância indica que se tratava de um teratoma ovário.
Este é o exemplo mais antigo conhecido de um teratoma e o primeiro caso antigo encontrado na África.
Acredita-se que os teratomas tenham origem em de células embrionárias que se desenvolvem no local errado do corpo humano. Podem ser benignos ou malignos, geralmente são compostos por vários tecidos, como músculos, cabelos, dentes ou ossos, e podem causar dor e inchaço. Se se romperem, podem causar infecções.
A mulher encontrada com o teratoma foi enterrada com um anel decorado com a figura de Bes, uma divindade frequentemente associada ao parto, fertilidade e proteção.
“A colocação do anel na mão esquerda da mulher, posicionado acima do tumor, sugere que o teratoma era sintomático e que a mulher estaria a tentar invocar Bes para a proteger de dores ou de outros sintomas, ou para a ajudar nas suas tentativas de conceber e dar à luz uma criança”, explicou Dabbs ao Live Science.
Segundo os investigadores, a jovem mulher, possivelmente uma esposa e trabalhadora, poderia ter estado envolvida em diversos ofícios, em linha com os anteriores achados no local, que sugerem que as mulheres da sua idade em Amarna mantinham variadas atividades económicas.
O local do enterro, Amarna, serviu como centro para o culto de Aten. Os seus templos e palácios acolheram a corte do faraó Akhenaten e sustentavam 20.000 a 50.000 pessoas, mas o local foi abandonado pouco tempo após a morte do governante.
A descoberta deste teratoma e do artefacto mágico-médico na mão esquerda da mulher é mais do que uma raridade arqueológica: oferece também um vislumbre sobre as crenças e práticas de saúde no antigo Egito.