Na obra “Rapariga com um Brinco de Pérola”, de Johannes Vermeer, o brinco era provavelmente uma imitação de vidro e não uma pérola verdadeira, afirmou o historiador de arte holandês Pieter Roelofs.
Outros historiadores já tinham levantado esta possibilidade anteriormente, mas a alegação voltou a surgir graças a uma nova exposição de Vermeer no Rijksmuseum, em Amesterdão, nos Países Baixos.
De acordo com o Art Newspaper, Roelofs – um dos curadores – escreveu no catálogo da exposição que uma pérola daquele tamanho teria sido “astronomicamente cara”, muito além do alcance financeiro do pintor holandês.
“Na obra de Vermeer estamos a olhar para imitações de pérolas de vidro, que no seu tempo eram vendidas por sopradores de vidro venezianos”, referiu.
Brincos e colares de pérolas estavam na moda na Europa da segunda metade do século XVII, mas eram artigos de luxo. Vermeer vivia nos Países Baixos. Para o brinco chegar ao local, teria de ser enviado a partir do sul da Ásia, relatou a Hyperallergic.
“Rapariga com um Brinco de Pérola” é a mais conhecida das obras de Vermeer, sendo frequentemente referenciada na cultura pop. A peça inspirou um livro, que foi adaptado para o cinema em 2003.
Mas esse nem sempre foi o nome da pintura. Foi um curador do museu Mauritshuis, em Haia, que decidiu usar o nome “Rapariga com um Brinco de Pérola” em meados dos anos 90, revelou o Art Newspaper. Antes disso, a obra era referida como “Rapariga com um Turbante”.
A atual directora do Mauritshuis, Martine Gosselink, tem uma visão bastante filosófica sobre o brinco: “Não é nem uma pérola nem um vidro, apenas tinta”, disse.
Pintado por volta de 1665, o quadro é um ‘tronie’ – não se trata de um retrato de uma pessoa específica, focando sim a representação de expressões faciais. “Uma jovem mulher pode ter-se sentado para Vermeer, mas a pintura não se destina a retratá-la ou a qualquer indivíduo específico”, refere a Enciclopédia Britânica.
A nova exposição do Rijksmuseum, intitulada simplesmente “Vermeer”, reúne várias obras do artista, emprestadas por museus de todo o mundo, incluindo o Mauritshuis, o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque e a Galeria Nacional de Arte de Washington. Vermeer criou 35 obras e a exposição reúne 28 delas.