Cerca de 300 mulheres juntaram-se esta sexta-feira nas ruas de Jerusalém, em trajes menores, num movimento que apelidaram de “marcha das rameiras” – uma denominação forte que usaram para denunciar ofensas feitas às mulheres, informa a agência France-Presse.
Organizada desde 2012, em Jerusalém, este ano a polícia exigiu que as mulheres que tencionassem participar na marcha o fizessem sem estar nuas da cintura para cima, disseram as organizadoras, pelo que muitas desfilaram de sutiã ou de ligas.
“A polícia autorizou a marcha mas foram-nos impostas várias restrições”, explicou Tamar Ben David, uma das organizadoras.
“Explicaram-nos que era proibido andar na rua com os seios à mostra e nós não queríamos chocar ninguém,” acrescentou.
Ao contrário de Telavive, considerada uma das cidades mais liberais do mundo, Jerusalém é uma cidade conservadora com uma numerosa população religiosa, seja judaica, ortodoxa, muçulmana ou cristã.
Em 2015, uma jovem foi morta e seis outras pessoas foram feridas por um judeu ultraortodoxo, durante a Gay Pride, marcha pelos direitos dos homossexuais, bissexuais e transgéneros.
As organizadoras da “marcha das rameiras” apelaram à Associação dos Direitos Cívicos em Israel que se se certificasse de que a polícia não proibiria o desfile, disse Yaron Kelner, porta-voz da organização.
Uma das manifestantes, Orr Hod, que participou no encontro exibindo roupa interior muito sugestiva, explicou que já não suporta o assédio sexual e que as mulheres violadas sejam consideradas culpadas.
No desfile, algumas participantes levavam cartazes nos quais se lia “Recusamos ser vítimas” ou “27 mulheres mortas anualmente”.
A marcha começou perto de um bairro ultra-ortodoxo judeu, no qual as mulheres apenas podem mostrar a cara e as mãos.
Iniciativas semelhantes foram organizadas em dezenas de grandes cidades, como Toronto, Auckland, Wellington, Nova Deli, Filadélfia, Seul, Sidney, Washington, Paris e Berlim.
Este tipo de marchas nasceu em 2011, em Toronto, onde centenas de homens e mulheres desfilaram para protestar contra as palavras proferidas por um agente da polícia que considerou que “as mulheres deveriam evitar vestirem-se como umas rameiras para evitar serem vítimas de agressões”.
/Lusa
Para trajes menores, não estiveram mal. Mais ousadia verifica-se nas marchas do “orgulho gay”.