Stallone e Mel Gibson, a par do pai de Angelina Jolie, vão ser os “olhos e ouvidos” do presidente eleito. O que são estes “funcionários públicos especiais” que Trump vai ter ao seu lado?
O Presidente dos Estados Unidos eleito, Donald Trump, nomeou na quinta-feira os atores Mel Gibson, Jon Voight e Sylvester Stallone como “embaixadores especiais” de Hollywood, considerando que a indústria cinematográfica “perdeu muito” nos últimos quatro anos.
De acordo com o republicano, que regressa à Casa Branca na segunda-feira, os três atores vão ajudá-lo para que “Hollywood, que nos últimos quatro anos perdeu muitos negócios no estrangeiro, fique maior, melhor e mais forte do que nunca”, escreveu na sua rede social, Truth Social.
Trump lamentou todos os alegados problemas que acredita existirem em Hollywood e criou este cargo com o objetivo de melhorar a situação do ponto de vista empresarial.
“Estes três homens talentosos vão ser os meus olhos e ouvidos. Farei tudo o que eles sugerirem”, acrescentou.
Jon Voight
Jon Voight, pai de Angelina Jolie, foi notícia em 2020, quando o ator Frank Whaley o acusou de lhe dar uma bofetada.
Numa indústria cinematográfica que é esmagadoramente pró-democrata, o “cowboy” norte-americano é conhecido pelo seu apoio a Trump de longa data.
A sua ascensão ao estrelato deu-se com o filme “Midnight Cowboy” (1969), onde interpretou Joe Buck, um jovem texano que tenta a sorte em Nova Iorque. Outros papéis marcantes incluem “Deliverance” (1972), “Runaway Train” (1985), pelo qual foi novamente nomeado ao Óscar, e “Heat” (1995).
Mel Gibson
Ator, realizador e produtor norte-americano, Mel Gibson tornou-se uma das maiores estrelas de Hollywood nos anos 80 com papéis de “durão” em “Mad Max” e “Lethal Weapon” (“Arma Mortífera”).
Apesar do seu sucesso, a sua carreira sofreu alguns reveses devido a acusações de antissemitismo, racismo, homofobia, alcoolismo e violência doméstica.
Mais recentemente, em outubro passado, Gibson atacou a candidata democrata às presidenciais norte-americanas, Kamala Harris, acusando-a de ter o Quociente de Inteligência “de uma cerca”.
Sylvester Stallone
Por fim, o ator, argumentista, realizador e produtor norte-americano Sylvester Stallone, para quem Trump é o “segundo George Washington”,também é uma figura icónica e adorada do do cinema de ação, conhecido mundialmente pelos seus papéis nas sagas “Rocky” e “Rambo”.
A sua grande ascensão deu-se com “Rocky” (1976), filme que escreveu e protagonizou. A história do boxeur Rocky Balboa tornou-se um sucesso mundial, recebendo três Óscares, incluindo o de Melhor Filme.
Também ele não está isento de polémicas: foi acusado de agressão sexual no final da década de 1980, acusações que negou e que não deram origem a qualquer processo judicial.
A produção cinematográfica e televisiva dos Estados Unidos foi prejudicada nos últimos anos, com contratempos causados pela pandemia da covid-19, pelas greves dos sindicatos de Hollywood em 2023 e, na semana passada, pelos incêndios florestais em curso na área de Los Angeles.
Funcionários “especiais”?
Trump também chamou o trio de enviados especiais. Os embaixadores e enviados especiais são geralmente escolhidos para responder a pontos problemáticos como o Médio Oriente, e não a Califórnia.
O aliado de Trump, Elon Musk, também poderá tornar-se um “funcionário público especial”, no seu caso, como co-líder do departamento DOGE.
Novos detalhes surgiram sobre a criação deste Departamento de Eficiência Governamental Este, órgão que será liderado pelo CEO da Tesla e pelo empresário Vivek Ramaswamy.
Elon Musk poderá assumir o estatuto de “funcionário governamental especial”, título é atribuído a pessoas que, mesmo sendo externas à administração pública, oferecem a sua experiência ao governo de forma temporária, podendo ser remuneradas ou voluntárias.
Por norma, estes colaboradores não podem ultrapassar os 130 dias de serviço num período consecutivo de 365 dias.
A designação é relevante, pois implica regras de ética menos rigorosas do que as aplicadas aos funcionários federais regulares. No entanto, tal flexibilização levanta preocupações sobre possíveis conflitos de interesses, especialmente considerando a posição de Musk à frente de empresas como SpaceX, Tesla e X.
Desde o anúncio da sua nomeação, críticos e observadores políticos têm questionado como Musk poderá exercer este papel sem comprometer a imparcialidade exigida, dado o impacto financeiro que as decisões do governo podem ter sobre as suas empresas.
A senadora Elizabeth Warren destacou estas preocupações numa carta dirigida à equipa de transição de Trump.
“Colocar Musk em posição de influenciar milhares de milhões de dólares de contratos governamentais e de aplicação de regulamentos sem um acordo rigoroso de conflito de interesses é um convite à corrupção numa escala nunca vista nos nossos tempos”, escreveu Warren na altura, citada pelo Business Insider.
“Atualmente, o público americano não tem forma de saber se o conselho que ele lhe está a sussurrar em segredo é bom para o país — ou só bom para o seu próprio resultado final”, acrescentou a senadora.
ZAP // Lusa