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Acusado de racismo e sexismo, conselheiro político de Boris demite-se

Will Oliver / EPA

Andrew Sabisky, conselheiro direto do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, demitiu-se esta segunda-feira, depois de ser acusado de racismo e sexismo pelo próprio Partido Conservador por causa de declarações suas no passado.

Em causa estão declarações feitas pelo próprio no passado, na Internet, em que defendeu existirem “diferenças raciais muito reais no que diz respeito à inteligência”, a maioria “de origem genética”. Nesse mesmo ano, em 2014, Sabisky comentou ainda que “há uma percentagem muito maior de negros do que brancos com um QI de 75 ou inferior, o nível que é muitas vezes considerado o limiar para o atraso mental ligeiro”.

Para além dos comentários que defendem uma superioridade da raça branca face à negra, o conselheiro de Boris Johnson fez ainda reparos polémicos noutras áreas, como quando afirmou que o desporto feminino “é mais comparável aos paralímpicos do que ao desporto masculino”.

Em termos de políticas, Sabisky usou ainda a sua presença online para sugerir que sejam administrados contracetivos compulsivamente a partir da puberdade, a fim de impedir a gravidez na adolescência, e defendeu que quem beneficia de prestações sociais deve ser encorajado a ter menos filhos do que aqueles com “personalidades mais pró-sociais”, de acordo com a emissora britânica Sky News.

Os principais partidos da oposição, o Partido Trabalhista e o Partido Nacional Escocês (SNP), pediram a demissão de Sabinsky assim que as declarações anteriores do conselheiro foram conhecidas. Downing Street, contudo, permaneceu ao lado do seu conselheiro.

Esta segunda-feira, um porta-voz do governo recusou responder à questão sobre se Boris Johnson partilha das opiniões do seu conselheiro 32 vezes, segundo a contagem da Spectator. De acordo com o jornal britânico The Guardian, limitou-se a responder que “os pontos de vista do primeiro-ministro são bem conhecidos” e nada mais.

No entanto, as críticas foram subindo de tom e vieram de dentro do Partido Conservador. A deputada Caroline Nokes, presidente no comité de Mulheres e Igualdade, criticou a reação do gabinete do primeiro-ministro: “Não acredito que o Número 10 recusou comentar o caso de Andrew Sabisky”, afirmou, acrescentando que “não tem lugar no governo”.

Outro deputado conservador, William Wragg, afirmou que Sabisky “tem de sair”. “Não acredito que eu seja o único que está desconfortável com as tendências mais recentes no Número 10.”

Pouco depois, Andrew Sabinsky anunciava publicamente a sua demissão. Sabisky responsabilizou os meios de comunicação social por irem desenterrar as suas afirmações.

“A histeria que algumas das minhas declarações antigas gerou entre os meios de comunicação social é uma loucura mas eu quero ajudar o Governo, não ser uma distração. Desta forma, decidi demitir-me da minha função. Espero que o número 10 contrate mais pessoas com bom pensamento geopolítico e que os media aprendam a dizer não às quotas seletivas”, escreveu Sabisky no Twitter acrescentando que se inscreveu para “fazer trabalho a sério” e não para ser “alvo de um assassinato de carácter”.

ZAP //

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